Eles fazem parte do programa de carreiras na empresa em que trabalham

 

O que se espera em um relacionamento amoroso? Casar, ter filhos, netos, uma casa no campo? Talvez. Hoje em dia esta ‘fórmula mágica' dos casamentos não é mais uma regra. Tem para todos os gostos, até aqueles que já moraram juntos, mas que decidiram sacrificar as dores e delícias da convivência a dois para economizar uma grana e ascender profissionalmente.

Foi desse jeitinho com Jéssica Müller, 23, chefe de recepção, e Douglas Junior Patene, 21, subgerente. Eles trabalham na rede de restaurantes Madero, e por conta da empresa vieram morar em , dar uma forcinha à equipe local. Só que antes de fecharem a mala rumo à Cidade Morena, eles dividiam um apartamento em Curitiba. E mesmo assim, optaram por abrir mão dele – e também de dormir de conchinha todo dia – para tocarem a unidade do restaurante em Campo Grande.

O sacrifício de abrir mão do apartamento se explica: eles fazem parte de um programa de carreiras na rede. Vindo para Campo Grande, iriam morar em alojamentos – casas em que a equipe de suporte vive, sem custo algum aos funcionários, o que permite economizar uma boa grana. No entanto, aqui as casas não são mistas, e os pombinhos agora só se veem no trabalho ou nos dias de folga.

Mas, tudo tem um objetivo: assim o casal economizar dinheiro e consegue, também, ascensão profissional. É um sacrifício válido quando se quer fazer da união mais fortalecida. E além de tudo, tem um plus: “Agora dá até para sentir saudade, porque apesar de trabalharmos juntos, nós não moramos na mesma casa, e só ficamos juntos na folga”, explica Jéssica.

Eles abriram mão de morar juntos para crescerem na carreira (Guilherme Cavalcante)

 

Desde o início

A história de Jéssica e Douglas é ainda mais curiosa. O Madero foi o primeiro empregador dos dois, na mesma cidade, mas em lojas diferentes. E o ‘destino' deu aquela forcinha marota para que eles se esbarrassem… e não se largassem mais.

“Eu trabalhava como garçom no Madero em um shopping, quando surgiu a oportunidade de ir para a equipe de abertura, que faz o controle de qualidade das unidades que abrem. Nesse meio tempo fazia inspeção em todas as lojas de Curitiba. E assim eu conheci a Jéssica, que trabalhava numa outra loja. A vi pela primeira vez e fiquei encantado, e como tinha uma escala, toda semana eu tinha que ir lá”, revela Douglas.

“Na época, eu namorava e ele meio que me sequestrou. Desde a primeira vez que a gente conversou, até hoje a gente está junto. Em pouco tempo a gente montou um apartamento, mas não ficamos nem um mês nele, porque a gente teve que vir pra cá. Eles ligaram numa terça e na quarta-feira à tarde a gente já tinha que estar aqui. Era só para dar uma mão à equipe local, porque o objetivo da gente, mesmo, era ir pro Rio de Janeiro. Mas acabou dando bastante certo as coisa aqui e decidimos ficar”, conta Jéssica.

Por serem uma equipe de suporte, e pelo caráter inicialmente temporário das atividades, eles nem fizeram questão de morar juntos. Eles moram em casas da empresa, separadas por gênero, em que os funcionários recebem da moradia à alimentação, sem custos. “As coisas vão começar a mudar agora, mas tudo tem que alinhar. A gente também tem menos despesa, dá para juntar dinheiro. Aceitamos vir para Campo Grande justamente por isso, para conseguir juntar dinheiro. E aqui ainda tem os 10% para serviço, que são opcionais, mas que em Curitiba é proibido. Então conseguimos até tirar um pouquinho mais”, contam.

Jéssica, Douglas e a cidade

Só para variar um pouquinho, o casal nunca tinha conhecido Campo Grande. “Só sabia que existia”, diz Jéssica. No entanto, a surpresa foi boa. “Eu estranhei um pouco o clima, porque aqui é muito quente e Curitiba é frio demais. Mas, é uma cidade tranquila. No Paraná a gente tinha medo de andar na rua de noite, mas aqui é de boa. A natureza daqui também chama muito a atenção”, diz Douglas.

Por conta da dedicação ao trabalho, o casal dispõe de pouco tempo para lazer. Mas conheceram já alguns pontos turísticos e adoraram. “É uma cidade onde tem muita natureza, tem muita árvore aqui. Passei uma tarde no Parque das Nações Indígenas e adorei”, aponta Jéssica.

E pelo visto, o casal adiou de vez a ideia de desbravar o Rio de Janeiro. “Do jeito que a equipe se envolveu, das parcerias que fizemos, preferimos ficar. Até meu irmão se mudou para cá, então acho que é uma cidade boa para a gente começar a vida”, relata a recepcionista. “Na verdade, quando a gente se conheceu, eu não tinha ideia se ia dar certo. Mas, agora as coisas se encaixaram, e o que queremos é progredir profissionalmente. Nosso plano, no momento, é este: crescer juntos”, finaliza Douglas.

Será que Wilson também encontrará o amor? (Guilherme Cavalcante)

 

Uma curiosidade: saindo do Madero, ficamos sabendo que o administrador da loja, que atua no grupo desde 2000, conheceu a esposa trabalhando na rede. Nossa equipe também se deparou com com um funcionário recém chegado à cidade, até com a mala na mão. Wilson Tiburi, 23, veio para o treinamento para gerente. Ficamos pensando se ele também vai encontrar o amor da vida dele no trabalho. Será?