Em evento de troca de jogos de videogame, nem o sol impediu sucesso da edição

Segunda edição do ‘Troca Games’ aconteceu no último domingo (8)

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Segunda edição do ‘Troca Games’ aconteceu no último domingo (8)

A segunda edição do ‘Troca Games’, evento que proporciona o encontro de gamers de Campo Grande para troca de jogos e também de informações sobre os títulos, foi daquelas esperadas por muitos adeptos dos jogos eletrônicos na cidade. Ocorrido na tarde do último domingo (8), o evento reuniu cerca de 100 fãs de videogames que, diante da crise, encontram uma solução para seguir com as atividades sem ter que gastar muito.

E o que se viu é que o evento se tornou uma espécie de programa de família. Muitos jovens, com diversos jogos debaixo do braço ou em sacolas, eram acompanhados dos pais, que supervisionavam as trocas e até orientavam os filhos sobre como negociar. E nem o sol escaldante das 15 horas foi desestímulo, já que o evento aconteceu na área externa da loja. Só depois de ter começado é que, diante do visível desconforto, a ‘feira’ foi realocada na calçada do outro lado da rua, debaixo da sombra das árvores. “Nossa, agora ficou bem melhor”, ouviu-se de uma menina de seus 8, 10 anos de idade.

Diferente da primeira edição, que aconteceu na praça do Rádio Clube, no centro da cidade, esta contou com o suporte da loja Retro Gamers, uma das três especializadas existentes em Campo Grande. O proprietário, Patrick Weiller, 30, achou que seria interessante proporcionar mais estrutura aos presentes. “Desta vez, concedemos uma pulseira aos participantes e orientamos que a troca seria feita apenas entre as pessoas que tivessem pulseira. Menores de 18 precisam estar acompanhados dos pais. Assim, com o cadastro em mão, dá pra identificar as pessoas, caso alguma troca seja malsucedida”, explica.

O cadastro também isenta a loja de responsabilidade nas negociações informais. “Nós não estamos ganhando dinheiro com isso, a ideia é justamente fazer com que as trocas ou vendas aconteçam espontaneamente, mas até para evitar que se tenha que comprar o jogo lacrado, porque muitos lançamentos são bem caros”, afirma Patrick.

Outro integrante da organização, o jornalista Lucas Lourenço, 29, afirma que a ideia é que o Troca Games aconteça com frequência trimestral. “É que assim dá tempo de ‘zerar’ o jogo e depois trazer ele de novo pro evento e tentar trocá-lo por um outro jogo”, explica. Zerar, na linguagem dos gamers, significa concluir todas as fases e desafios do jogo.

‘Cansei!’

A maior parte dos jogadores buscava trocar os títulos que possuem porque simplesmente enjoaram deles. “Eu estou jogando muito pouco e já cansei de jogar esses que tenho. Trouxe tudo o que tinha para tentar vender ou trocar por algo mais interessante, porque jogar o mesmo game por muito tempo enjoa”, descreve Kelvin Marcolino, 24, administrador. Ele é considerado ‘novato’ na área. “Tem só 5 anos que jogo videogames. Fiquei sabendo disso aqui no Facebook e resolvi tentar negociar”, conta, depois de ter vendido um título e comprado outro.

 

No vácuo do Troca Games, o comerciante Rafael Garcez, 31, também distribuía folhetos de sua loja de histórias em quadrinhos, card games (uma evolução daquelas cartas de automóvel dos anos 80 e 90) e de outros produtos. “O pessoal que curte games geralmente também gosta desses produtos. Não custa nada divulgar”.

Da mesma forma, o estudante universitário Alex Tominaga, 23, também aproveitou para, em meio dos jogos que queria trocar, vender alguns produtos de sua loja virtual, que oferta produtos licenciados, como bonecos de personagens de jogos famosos. “Acabei de vender um desses aqui”, afirma, apontando para um boneco.

Itens raros

Além dos jogos, muitos fãs de videogame trouxeram algumas relíquias, como consoles mais ‘vintage’ e até cartuchos de jogos de que há muito tempo ficaram ‘ultrapassados’. “Tem muita gente que ainda joga em consoles antigos, como o Super Nintendo, que foi um sucesso da década de 1990. Aqui tem muita gente que gosta de trocar ou comprar alguns jogos, mas que também são colecionadores”, aponta o publicitário Alexandre Barroso, 25, que também coleciona jogos e consoles. “Eu curto mais os antigos, mas também gosto dos jogos novos. Aqui na minha mesa tem de tudo”, brinca.

Colecionadores também têm vez entre as dezenas de pessoas que buscam trocar títulos novos (Guilherme Cavalcante)

 

A feira tem uma dinâmica interessante e um código que é mais fácil de entender entre aqueles que realmente estão imersos na cultura ‘gamer’. Um título mais raro, com edição limitada ou que seja um lançamento, pode valer dois ou três de outra pessoa na hora da troca. “Tem que saber negociar para não sair no prejuízo”, afirma Alexandre.

Mas negociar não é problema, nem para as dezenas de crianças e adolescentes que, em meio aos adultos, buscavam chegar em casa com uma novidade para jogar. Entre os presentes, a maioria manja bem do ‘metiê’. Faz todo o sentido, já que o Brasil é o 4º maior consumidor de videogames do planeta.

‘Eu que decido’

Muitos dos jogos que estavam disponíveis para compra ou troca tinham classificação indicativa para maiores de 18 anos. Mesmo assim, crianças compravam os títulos sem grande problemas e até com o aval dos pais. “Acho isso uma bobagem, porque eu jogo junto do meu filho e o máximo que a gente faz é ‘matar zumbis’ juntos. Você abre um jornal e tem sangue pra todo lado, qual a diferença?”, questiona Paulo Marques, pai de Gabriel Vinícius, 8.

Ele, a propósito, estava com a família inteira no evento, a esposa e os dois filhos. Na casa deles, até a irmã mais nova, ainda bebê, arriscar pegar o controle do videogame. “Trocar é uma ótima ideia, porque a gente conclui ou se desinteressa por um jogo e daí tem essa oportunidade de trocá-los por outros que a gente não tem e não gastar dinheiro com isso”, explica.

Apesar de relativizar a classificação, Marques afirma que a relação do filho com os videogames é mediada. “Ele só joga aos fins de semana e tem que se sair bem na escola, além de conciliar com as outras atividades. A gente acha que é importante que ele continue outras atividades, como o futebol com as crianças da rua. É preciso socializar”, afirma.