Repórter relata aventura em MS
Há algumas semanas, minha esposa e eu aproveitamos uma ‘rara’ folga de dois dias e viajamos cerca de 180 km ao norte de Campo Grande, para um lugar intocável e com uma natureza encantadora. O mais engraçado é que o ambiente não possui quase nenhuma presença humana, ao menos não cruzamos por nenhuma trilha sequer em meio a uma incrível sequência de cachoeiras.
Por respeito à natureza quase intocada do lugar, manteremos em sigilo o real destino da nossa ‘aventura’, onde chegamos na noite de uma sexta-feira. Dormimos cedo para poder acordar às 6 horas do sábado e, depois de um café da manhã regado a ovos caipiras e queijo fresco, saímos em busca de uma grande cachoeira (que ninguém sabe o nome).
O começo da caminhada até que foi tranquilo. Pelo menos o início nos enganou um pouco, já que o terreno era plaino e o sol da manhã ainda tímido passava uma sensação de que um grande dia estava nascendo. Vestidos de calças e camisas cumpridas e na companhia de um primo que conhece o lugar, à medida que caminhávamos a aventura se tornava mais ‘reveladora’.
Depois de cruzar um bosque com um pequeno riacho de água cristalina, chegamos à encosta de um paredão que eu imagino ter entre 30 e 40 metros. Iniciamos a descida no que se parecia com uma trilha. Com ajuda de árvores, troncos caídos, raízes grossas e galhos conseguimos chegar, por volta das 8h30, nas furnas.
Dois homens e uma criança pescavam no rio que cruza aquelas furnas. Enormes pedras cravadas no meio da leve correnteza, são a prova das transformações geológicas de uma paisagem sublime, existente no coração de Mato Grosso do Sul. No começo caminhamos, talvez por 90 minutos, às margens do pequeno rio, que forma algumas prainhas com poços de água bem esverdeada, em trechos quase todos cobertos por uma mata selvagem e pouco desbravada.
Sem vestígios de pessoas. Depois de um tempo, chegamos à primeira grande cachoeira, por cima dela, depois de vencer uma breve escalada dificultada por árvores caídas em alguma grande chuva recente. Deste ponto em diante, a ‘aventura’ em busca da maior cachoeira da região só pode ser feita dentro do rio.
Deixamos nossas roupas e um pouco de frutas e biscoitos neste ponto (na volta, tive o ‘privilégio’ de descobrir que larguei minha calça e camisa no caminho de um formigueiro), e começamos a caminhada dentro da água, perto das 10h da manhã. Um rio de águas limpas e pedras escorregadias. No terceiro tombo parei de contar.
O primeiro foi o pior, pelo menos me deixou uma marca na canela por duas semanas. Cai de cima de uma pedra dentro do rio, em pequeno poço fundo. Por sorte o celular, que filmava tudo, estava nesta hora em um saco plástico preso entre meus dentes. Fui um susto na segunda cachoeira, mas a ‘jornada’ pela terceira cachoeira, a maior, devia continuar. Caminhamos por quase uma hora dentro do rio, sem pressa, nadando nas poucas partes fundas que encontrávamos e apreciando a paisagem.
Às 11h30 da manhã, exatamente quatro horas após sairmos da sede da fazenda, chegamos a um cenário deslumbrante. Cena de filme, uma cachoeira gigante (que nem me atrevo a medir no ‘olhômetro’). Um lugar que pacifica a alma, que acalma a correria do dia a dia e que me fez pensar na vida e no tamanho de Deus.
Foi lindo o momento, mais especial ainda por ter sido junto com minha alma gêmea, minha outra metade. Depois de um beijo apaixonado, declarações de amor e um mergulho, as nuvens se escureceram e o sinal de que outras quatro horas nos esperavam, deram o tom para a despedida.