Briga política deixa Instituto Mirim sem dinheiro e confusão suspende assembleia

Guardas foram acionados por pessoal da Prefeitura, que alega ter sido barrado

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Guardas foram acionados por pessoal da Prefeitura, que alega ter sido barrado

Funcionários da Prefeitura de Campo Grande precisaram de auxílio da Guarda Civil Municipal para entrarem no Instituto Mirim, na manhã desta sexta-feira (30). Segundo envolvidos, foi mais um episódio em ‘queda de braço’ entre o Executivo e a instituição, que estaria resultando no corte de repasses para pagamento dos salários dos adolescentes – os valores não são pagos pelo município desde novembro.

De acordo com o secretário municipal de Administração, Wilson do Prado, que foi ao local representando a Prefeitura, a Guarda foi chamada depois que a administração do Instituto Mirim barrou o ingresso de novos associados, todos indicados pela gestão do atual prefeito, Gilmar Olarte (PP). Segundo ele, os portões foram fechados, só sendo liberada a entrada depois do reforço na segurança.

Estes novos membros participariam das novas assembleias da entidade, que hoje seria controlada por simpatizantes do ex-prefeito, Alcides Bernal (PP). “A Prefeitura só atrasou o pagamento porque o instituto não estava deixando os novos associados entrarem”, justifica Prado, comentando que, apesar de a instituição não ser um órgão público, o prédio é do Município.

Quando a reportagem chegou ao local, havia cerca de 30 guardas municipais, já no interior do prédio. No auditório, diretores atuais, o secretário municipal de Administração, além do promotor Sérgio Harfuche, do MPE (Ministério Público EStadual), tentavam entrar em um acordo, enquanto os indicados da Prefeitura para integrarem o quadro de associados aguardavam.

Estava marcada para esta sexta-feira uma assembleia geral para definir diretrizes do Instituto Mirim. Em decorrência da confusão que se instalou na frente da entidade, a reunião foi cancelada e transferida para a tarde.

A presidente do Instituto Mirim, Mozanea Ferreira Campos, nega que o pessoal da Prefeitura teve o acesso barrado. “Sempre trabalhamos de portões fechados, se o secretário chegou aqui querendo entrar sem se indentificar, o porteiro iria barrar mesmo. Eles não foram impedidos de entrar, isso é mais uma forma de eles chamarem a atenção. Gostam de causar tumulto”, diz ela.

Se depender da presidente, a briga continua. Ela diz que a intenção da Prefeitura é inserir novos associados de forma a garantir votos na eleição da nova diretoria, prevista para abril, e reassumir o controle da entidade.

No entanto, enquanto a Prefeitura não cumprir o acordo financeiro, a atual diretoria nega-se a autorizar a chegada de novos associados. “Nós estamos cumprindo com o que foi acordado, mas a Prefeitura não cumpriu. Enquanto eles não cumprirem, não será feita essa inserção. Hoje às 15 horas será tudo resolvido, na assembleia que está marcada”, detalhou a presidente.

De acordo com o promotor Sérgio Harfouche, o MPE (Ministério Público Estadual) não vai tolerar que os jovens atendidos sejam prejudicados. “Se houver prejuízo, vamos acionar tanto a Prefeitura como o Instituto Mirim. Realmente, há uma queda de braço antiga com as duas gestões municipais, mas eu isento a Mozanea Ferreira [presidente da instituição], pois ela se manteve neutra desde o início desta guerra”, explica.

Por fim, de acordo com o promotor, na reunião das 15 horas, a Prefeitura deverá apresentar o recibo de pagamento referente aos meses atrasados, bem como o instituto deverá liberar o acesso dos novos associados.

Conforme relevou o Jornal Midiamax na terça-feira (27), a dívida da Prefeitura com o Instituto Mirim chega a R$ 954 mil. O convênio terminou em novembro, mas, por intermédio do MPE, o Município se comprometeu a manter os repasses até abril, quando vence o mandato da atual diretoria.

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