Trailers roubam a cena: saiba como são produzidas as prévias de filmes nacionais e estrangeiros

Em pleno agosto, não é nada precipitado dizer que o vídeo mais assistido de 2014 já foi lançado na internet. Impressionantes 53 milhões é o número de visualizações do trailer de ’50 tons de cinza’, a adaptação cinematográfica do romance açucarado pornô que fez a britânica E.L. James se tornar o maior fenômeno editorial deste […]

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Em pleno agosto, não é nada precipitado dizer que o vídeo mais assistido de 2014 já foi lançado na internet. Impressionantes 53 milhões é o número de visualizações do trailer de ’50 tons de cinza’, a adaptação cinematográfica do romance açucarado pornô que fez a britânica E.L. James se tornar o maior fenômeno editorial deste início de década.

No Brasil, a repercussão daqueles dois minutos e 20 segundos foi tanta que o livro, que havia deixado a lista de best-sellers há alguns meses, voltou a vender que nem pão quente. Como o longa-metragem só estreia em fevereiro, outros novos trailers deverão vir a público, aumentando a curiosidade em torno do longa. É justamente essa a função do filminho curto feito para divulgação.

“Não existe uma receita de bolo, mas a premissa básica de um bom trailer é não revelar tudo. Você tem que fazer surpresa de alguns pontos dramáticos e encontrar o que o longa tem de mais atraente, seja elenco, trama ou efeitos especiais”, afirma Marcos Horácio Azevedo, da Tatuí Filmes, uma das poucas empresas brasileiras dedicadas à produção de trailers, teasers (vídeos com no máximo 30 segundos), spots (comerciais) e virais (produzidos exclusivamente para a internet). A Tatuí assinou os trailers dos longas nacionais ‘Alemão’, ‘Getúlio’, ‘O tempo e o vento’ e ‘Serra Pelada’, entre outros.

Ao assistir ao trailer de ’50 tons…’, dá para perceber os pontos que Azevedo destaca. O sucesso do best-seller se deve principalmente a altas doses de sadomasoquismo dos dois jovens – o que é explorado, mas com cortes rápidos, na parte final do filmete. Ou seja, o espectador tem acesso a uma pequena dose do que o longa promete. A internet só fez crescer a veiculação desses vídeos, que, segundo Azevedo, são o produto audiovisual mais visto nas redes virtuais.

Mercados

“Trailer é também material fundamental para divulgar uma produção”, acrescenta Bruno Wainer, da Downtown Filmes. Ainda que o mercado brasileiro seja muito menor do que o norte-americano – nos EUA, há ao menos 40 trailer houses (empresas especializadas no produto); no Brasil, atuam apenas a Tatuí e a Movietrailer –, essa mídia é tão importante aqui quanto lá.

“O trailer foi fundamental para que ‘Alemão’, um filme com orçamento menor, vendesse quase 1 milhão de ingressos”, informa Wainer, que distribuiu o longa-metragem de José Eduardo Belmonte. O diretor deve ficar fora da criação do material de divulgação. “É impossível o cineasta fazer um bom trailer de seu próprio filme”, garante Wainer.

A Tatuí assinou o material de ‘Alemão’. “A gente deve valorizar o que um filme tem de bom. Isso, de certa forma, implica em desviar de alguns obstáculos. ‘Alemão’ é um longa claustrofóbico (quase toda a ação ocorre no porão de uma pizzaria no morro). Tive a preocupação de manter a tensão, mas dando uma arejada”, explica Marcos Horácio Azevedo. Ou seja: boa parte das poucas cenas externas aparece no trailer, tirando um pouco do ambiente fechado em que a trama se passa.

Para Wainer, tudo depende da maneira como o distribuidor pretende comercializar seu filme. “Se você quer vendê-lo como uma comédia, pede que o trailer tenha mais piadas, mesmo que elas sejam poucas no roteiro. O mesmo ocorre com um filme de ação”.

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