Após duas semanas de buscas pelas onças-pintadas que estão aparecendo nas cidades de Corumbá e Ladário, uma funcionária do Hotel Gold Fish se viu frente a frente com o felino no Jardim daquele estabelecimento, que fica às margens do rio Paraguai. Ela chegava para trabalhar, por volta das 04h30 desta terça-feira, 19 de agosto, quando olhou e percebeu a presença do animal. A primeira reação foi correr e ela relatou que não quer ver novamente a onça e que o medo foi grande. Ela não é a primeira funcionária que vê o felino no hotel, porém foi a única que ficou “cara a cara” com o predador.
“Estava indo para a cozinha com o molho de chaves na mão, quando parei no corredor para procurar a chave de cabeça baixa e olhei para continuar andando só deu tempo de ver a onça e minha reação foi sair correndo, nem pensei na hipótese dela me seguir e entrei na recepção. Eu sempre chego mais tarde, mas minha companheira não ia trabalhar e resolvi chegar mais cedo para adiantar o serviço porque o hotel está cheio e fui surpreendida, outros trabalhadores já viram, mas cara a cara acho que só eu mesma”, contou Nathalia Dantas, que ficou a uma distância aproximada de 20 metros do felino.
Para o hóspede que veio do Rio Grande do Sul se a onça aparecer o jeito vai ser encarar. “Se ela aparecer para mim o jeito vai ser encarar, o bicho tem seu lado medroso, assim como nós. Eu fico curioso em ver por ser um animal bonito, mas o grupo em que estou ficou dividido. Há aqueles que estão com medo e outros que até ficaram cuidando para ver se ela aparecia”, disse Juarez Borba de Souza.
Outro caso registrado no final da tarde da segunda-feira, 18 de agosto, foi o da suposta aparição de duas onças pardas na região do Conjunto Vitória Régia, onde uma família estava sentada e teria avistado os felinos que mexiam no lixo. “Estávamos sentados aqui na porta de casa, eu, minha filha, meu genro, meu neto e meu marido quando vimos o movimento e minha filha logo gritou. Eram duas onças pardas, entramos correndo. Meu genro pegou a foice e quando saiu de novo, elas já não estavam mais, devem ter voltado para dentro da mata”, contou Maria de Lurdes.
Ação dos bombeiros
Equipes do Corpo de Bombeiros estiveram nos dois locais para verificar os casos. No hotel, pegadas foram vistas próximas à piscina e no jardim confirmando a presença do felino. Pode se tratar do mesmo animal que foi filmado na avenida Rio Branco, porém não se sabe se é a mesma onça que apareceu na cidade de Ladário.
“A equipe esteve no local onde foram vistas as pegadas confirmando a presença do animal. Pode se tratar da mesma que foi filmada na avenida Rio Branco, e as armadilhas no local continuam instaladas com a finalidade de capturar o animal”, informou o presidente do Comitê de Contenção de Animais Silvestres, major bombeiro Fábio Catarineli.
Questionado sobre o fato de as armadilhas para captura do felino que está abrigado numa caverna na região próxima ao Forte Junqueira, usar restos de animais, o presidente do Comitê disse que foi feito pedido para utilização de iscas vivas. “Estamos vendo a possibilidade da mudança de iscas junto ao Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) para mudar a tática para captura do animal, utilizando iscas vivas. Por enquanto, continuamos com os restos de animais mortos e agora recebemos da Fundação do Meio Ambiente carne de gado para ser colocada na armadilha e talvez sejam utilizados peixes”, afirmou Catarineli.
Com relação às avistadas no Vitória Régia, ele disse que pode ou não se tratar de onças, mas ele destacou que é preciso adotar a precaução sempre. “Para as pessoas que costumam andar à noite, evitem saírem sozinhas e os pais tomem cuidado com as crianças que gostam de brincar na rua. Quem tiver animais em casa e perceber que estão acuados ou agitados demais ou se a pessoa viu a onça, evite filmar ou tirar fotos, é um animal bonito, porém perigoso. Entre em contato com o 193. O animal pode estar na mata, porém todo cuidado deve ser tomado”, completou o major bombeiro.
