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Cotidiano

Mudanças climáticas antecipam síndromes respiratórias e vacinação ampliada pode frear surto

Campo Grande está em situação de emergência devido a superlotação das unidades de saúde e a alta de casos de SRAG
Lethycia Anjos, Carol Leite -
Vacinação contra a gripe
Secretária de Saúde Rosna Leite (Helder Carvalho, Midiamax)

Diante do avanço dos casos de síndromes respiratórias e do decreto de situação de emergência em saúde, Campo Grande ampliou a vacinação contra a gripe para toda a população neste domingo (27). Segundo a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite de Melo, a medida emergencial busca conter a circulação do vírus e proteger principalmente os públicos mais vulneráveis.

Conforme boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Mato Grosso do Sul registrou 1.940 hospitalizações por SRAG neste ano e 27 mortes. Segundo Rosana, as mudanças climáticas têm impactado o padrão de circulação dos vírus respiratórios. Se antes os surtos se concentravam no inverno, agora o aumento de casos têm sido antecipado para abril. 

“Essa alteração climática afeta diretamente a saúde humana. A sazonalidade não é mais tão previsível. Por isso, antecipamos a campanha e teremos o Dia D de vacinação em maio”, explicou em entrevista na manhã deste domingo durante o mutirão de vacinação na igreja Universal.

Mato Grosso do Sul registrou cinco óbitos em menores de um ano, o que inclui de bebês com menos de um mês de vida. Além de sete casos em crianças de 1 a 9 anos, todos por SRAG. Por isso, a secretaria alerta para a importância da vacinação e dos cuidados básicos. Entre as recomendações está o uso de máscara em caso de sintomas gripais, lavagem frequente das mãos e etiqueta respiratória.

“O vírus se transmite pelas gotículas da fala e da tosse, mas também pode permanecer em superfícies. A vacinação é uma forma essencial de prevenção. Ela não impede que a pessoa contraia a gripe, mas reduz a gravidade dos casos e evita muitas internações”, explicou a secretária. 

Baixa procura entre o público prioritário

Até a última semana, a procura pela vacina estava em baixa. Das 200 mil doses enviadas à Capital, apenas 56 mil haviam sido aplicadas, o que indica que cerca de um terço do público prioritário se imunizou desde o início da campanha — um número considerado baixo diante da alta circulação viral prevista nas próximas semanas, conforme o boletim da InfoGripe.

Com a ampliação, a vacinação passa a incluir pessoas fora dos grupos inicialmente elegíveis (crianças, idosos e gestantes). A estratégia visa diminuir a transmissibilidade da doença, já que pessoas vacinadas tendem a apresentar sintomas mais leves e a transmitir o vírus por menos tempo.

“O objetivo é proteger não apenas quem se vacina, mas principalmente crianças e idosos que são mais suscetíveis às formas graves”, pontuou.

Além disso, a secretária destacou a vacinação nas EMEIs (Escolas Municipais de Educação Infantil) e escolas e parcerias com o governo estadual, que estão sendo costuradas para ampliar os pontos de vacinação. A vacinação também segue nas 74 unidades de saúde e em ações nos finais de semana.

LEIA – Centenas de pessoas formam filas em Campo Grande no primeiro dia da vacinação geral contra gripe

Expectativa para a vacinação geral

Em campanhas anteriores, mesmo com a liberação da vacina para todos, foi necessário descartar cerca de 70 mil doses devido à baixa adesão. Por isso, a expectativa da Secretaria Municipal de Saúde é que, desta vez, a população busque a imunização com mais consciência. 

“Espero que neste ano consigamos vacinar não apenas o público-alvo, mas também toda a população que quiser se proteger e que não tenhamos que descartar doses novamente”, afirmou Rosana.

Gravidade dos casos e preocupação com co-infecções

Vacinação contra a gripe
Doses da vacina (Helder Carvalho, Midiamax)

Ainda segundo a secretária, os casos de síndromes respiratórias estão mais severos desde 2021, principalmente em crianças pequenas. Atualmente, a internação pode durar de cinco a até 14 dias, dependendo da gravidade.

Isso porque além do vírus da influenza, a cidade enfrenta uma alta circulação do VSR (Vírus Sincicial Respiratório), que acomete principalmente crianças menores de dois anos, podendo causar quadros graves e co-infecções. Conforme Rosana, o Ministério da Saúde, inclusive, incorporou a vacinação contra o VSR para gestantes e um novo tratamento com anticorpos monoclonais para bebês prematuros e crianças com comorbidades.

“Na última semana, observamos um aumento expressivo de casos por influenza A, especialmente o subtipo H1N1, que é mais virulento e causa maior gravidade. Eu mesma tive H1N1 recentemente e senti falta de ar. Essa é uma realidade que exige atenção e reforça a necessidade de ampliar a vacinação”, concluiu.

Vale lembrar que a vacina disponibilizada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) protege contra três cepas de vírus da gripe: A/Victoria/4897/2022 (H1N1)pdm09, A/Thailand/8/2022 (H3N2) e B/Austria/1359417/2021 (linhagem B/Victoria), conforme a Instrução Normativa nº 261, de 25 de outubro de 2023, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Situação de emergência

A Prefeitura de Campo Grande decretou situação de emergência na saúde por 90 dias diante do aumento de casos de síndrome respiratória e déficit de leitos na rede pública de saúde. O anúncio da medida ocorreu após reunião do COE (Centro de Operações de Emergência) para Doenças Respiratórias e Arboviroses.

Há quase um ano, em 30 de abril de 2024, Campo Grande decretava situação de emergência na saúde diante do déficit de leitos pediátricos. O decreto consta na edição extra do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), neste sábado. Conforme boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Mato Grosso do Sul registrou 1.940 hospitalizações por SRAG neste ano e 27 mortes.

Durante o encontro, a pasta informou que nenhum hospital da rede privada dispõe ou tem capacidade de ampliar leitos para atender a demanda do SUS (Sistema Único de Saúde), especialmente para UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica.

Conforme a titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Rosana Leite, a medida irá permitir que o Executivo adote estratégias operacionais para melhorar o atendimento à população.

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