A Santa Casa de Campo Grande instituiu uma comissão para investigar a morte de três pacientes submetidos a sessões de quimioterapia. Os lotes dos medicamentos utilizados foram suspensos nacionalmente, segundo o hospital.

O diretor-presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco, disse ter ficado sabendo pela imprensa e pela ouvidoria do hospital sobre as mortes. A não-notificação dos casos é um dos detalhes que serão investigados pela comissão, formada por representantes da própria unidade hospitalar, secretarias municipal e estadual de Saúde e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Teslenco convocou coletiva de imprensa para falar sobre o assunto, ao lado da presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, Priscilla Alexandrina. O primeiro relatório do grupo criado para investigar as mortes deve sair em 30 dias.

Segundo as informações oficiais, os três pacientes – Maria Glória Guimarães, 61 anos, Carmem Insfran Bernard, 42 anos, e Norotilde Araújo Greco, de 72 – foram submetidos a sessões de quimioterapia entre os dias 24 e 28 de junho. Nas ocasiões, foram ministrados os medicamentos Leucovorin – ácido folínico – e ácido solínico.

As três foram internadas entre os dias 2 e 9 de julho devido a reações exageradas aos medicamentos, ainda segundo as fontes do hospital. As mortes aconteceram entre os dias 10 e 12 de julho.

Na Santa Casa, ao todo, são 41 pacientes submetidos à quimioterapia com esses dois medicamentos. Todos têm câncer na região do trato intestinal.

Um quarto paciente, que também teve reações anormais à medicação, segue internada, porém fora de perigo, segundo informou Teslenco. O lote a que todos tiveram acesso já foi suspenso pela Anvisa, disse o diretor da Santa Casa.

O Centro de Oncologia e Hematologia, empresa terceirizada responsável pelo serviço de quimioterapia na Santa Casa, teria entre os donos o médico Adalberto Siufi, processado por supostas fraudes com verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) enquanto era presidente do Hospital do Câncer da Capital. Teslenco evitou falar sobre eventual suspensão no contrato: “não podemos falar nada agora, não vou ameaçar ninguém”.

A comissão formada pela Santa Casa quer saber, por exemplo, se os remédios foram aplicados na dosagem adequada, se houve problemas na forma de ministrar ou, até, na fabricação. Outra informação que pode levar à causa das mortes é o que as três pacientes teriam em comum.