MT: procuradora que investiga políticos está ‘ameaçada’
A procuradora Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani, do Ministério Público Federal em Mato Grosso, que pediu a prisão de políticos envolvidos na Operação Ararath, “está ameaçada” e por isso sob proteção da Polícia Federal. A informação foi dada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na quinta-feira. Ele esteve em Cuiabá (MT) para se reunir […]
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A procuradora Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani, do Ministério Público Federal em Mato Grosso, que pediu a prisão de políticos envolvidos na Operação Ararath, “está ameaçada” e por isso sob proteção da Polícia Federal. A informação foi dada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na quinta-feira. Ele esteve em Cuiabá (MT) para se reunir com os demais procuradores que investigam o caso e dar apoio a Vanessa.
Janot não detalhou se a ameaça é de morte ou de que forma ela foi feita. Segundo ele, para salvaguardar a integridade da procuradora, que também estava na coletiva, mas não se pronunciou. O MPF, porém, busca informações que levem ao autor da ameaça. O procurador-geral informou ainda que o MPF analisa conversas telefônicas entre os diversos investigados na Ararath e, se for necessário, outras prisões serão pedidas.
A Operação Ararath apura crimes de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro. O ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Éder Moraes, é acusado de incentivar políticos locais a pegar empréstimos irregulares de grande vulto no BicBanco sem a devida informação do Banco Central. Esse dinheiro, que era depositado na conta do empresário Gércio Mendonça Júnior, dono da Amazônia Petróleo, seria usado em campanha eleitoral e outros fins de interesses próprios.
No dia 20 de maio deste ano, foram presos em Cuiabá, durante a quinta etapa da operação, nomes do alto escalão da política local. Entre eles, Éder Moraes, que continua no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O Tribunal Regional Federal (TRF) analisa um pedido de soltura feito pela defesa de Moraes.
Também foi preso na mesma data o deputado estadual José Riva (PSD), que agora é candidato ao governo do Estado. Pouco mais de um mês detido na Papuda por três dias, ele anunciou a candidatura. Na época em que foi solto, Riva chegou a dizer publicamente que se sente perseguido pelo MPF.
Outro preso durante a quinta etapa da Ararath foi o superintendente do BicBanco em Mato Grosso, Luiz Carlos Cuzziol. Ele ficou detido também na Papuda, por quatro dias.
Em um mandado de busca e apreensão na casa do governador do Estado de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), ele também acabou preso, por conta de uma arma irregular. Passou mais de oito horas na superintendência da PF em Cuiabá e, no fim do dia, pagou R$ 100 mil de fiança para ser liberado. Não havia mandado de prisão contra Barbosa. O que a PF procurava na casa dele, com o aval de um mandado de busca e apreensão, é um caderno, citado por Gércio Mendonça Júnior, no qual o governador anotaria transações financeiras.
Mendonça Júnior foi preso na primeira etapa da Ararath e beneficiado com a delação premiada. Por meio dele, a PF chegou a outros nomes. A agenda de Janot em Cuiabá nesta sexta-feira será fechada. Estão previstas, durante o dia, reuniões com a Polícia Federa e Militar.
‘Fichas sujas’
O MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) em Mato Grosso propôs também na quinta-feira à tarde a impugnação do pedido de registro de alguns candidatos ao governo de Mato Grosso, à Câmara e ao Senado. Um deles é do deputado José Riva (PSD). O MCCE alega que esses candidatos são “ficha suja”, referindo-se ao que preconiza a Leia da Ficha Limpa. Portanto estariam inelegíveis.
O requerimento foi direcionado ao Ministério Público Eleitoral, que tem legitimidade jurídica para o processo. “A regra legal diz que a vida pregressa impede o pleno exercício de alguns direitos políticos, no caso aqueles que foram condenados por crimes comuns, atos de improbidade, delitos eleitorais ou tiveram rejeição de contas pelo uso de recursos públicos”, diz trecho do requerimento do MCCE.
Outro trecho do mesmo documento aponta que “pela pesquisa feita pelo MCCE, o deputado estadual José Riva não pode disputar eleição porque foi condenado por órgão colegiado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso em razão de ato de improbidade administrativa. Além das centenas de ações que responde, o parlamentar ainda foi processado criminalmente por 32 condutas tipificadas como peculato. Recentemente chegou a ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal, e está afastado da direção da Assembleia Legislativa de Mato Grosso por ordem judicial”.
No dia 30 de junho, na convenção do PSD, o deputado Riva reconheceu que tem uma situação jurídica complicada, mas disse que ouviu vários especialistas em direito e eles o incentivaram a levar adiante o projeto de candidatura, que também é apoiado, segundo ele, pelos prefeitos de seu partido, amigos e conhecidos. Na convenção, Riva chegou carregado nos braços de correligionários.
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