Fim do Orkut faz ‘viciados’ de Campo Grande lembrarem rede social que marcou adolescências

Quem se lembra dos “scraps”, “depoimentos” e “comunidades”, palavras que há muito não se ouve, mas quem era adolescente em 2005 sabe bem do que se trata. O Orkut, na época, era a rede social do momento e todo mundo esperava por um convite para entrar na rede mais “cool” da época.

O auge do Orkut começou em 2005 e seu declínio em 2011, quando o Facebook tomou e conquistou de vez a maioria dos usuários com um conceito um pouco diferente do Orkut, sem depoimentos ou comunidades.

“Eu era viciado. Mesmo sabendo que não tinha nenhuma atualização eu entrava de cinco em cinco minutos. Era muito divertido”, relembra Luan Andrei, 21 anos.

Ele conta que aderiu à rede social quando tinha 13 anos e, hoje em dia, como a maioria, não utiliza mais. As manias, relembra, eram as mesmas. “Publicava no mural dos amigos mensagens com bichinhos e tinha ainda as comunidades dos meninos e meninas mais bonitas. Era um sarro”, relembra.

E como não lembrar os depoimentos, que consistiam em mensagens, muitas vezes, enormes, e enviados para os amigos. Mais do que declaração de amor ou amizade, o depoimento servia como medidor de popularidade. “Era uma coisa meio de adolescente e também social. Quanto mais depoimentos você tinha das pessoas que conhecia, teoricamente, mais popular você era”, conta o publicitário Gabriel Machado, 23 anos.

Gabriel acredita que o que tornou o Orkut tão forte, além do fato de que uma rede social por si só já atrai as pessoas, foi a “necessidade” que elas têm em serem vistas. “O ser humano tem essa tendência de querer “ganhar estrelinhas douradas” quando faz alguma coisa muito certa, quer dizer se você é um cara legal ou popular, existe a necessidade de olharem para você”.

No início do Orkut, lembra, entrava somente quem era convidado. “Poucos usavam no começo e só quem era convidado por alguém que já tinha o Orkut podia ter também”, recorda-se. “Demorei um pouco para ser convidado e ficava incomodando todo mundo para que me convidasse. Depois disso comecei a convidar todo os meus amigos”, brinca.

Apesar de hoje em dia o Facebook ser uma das principais redes sociais e o Orkut ter sido esquecido há muito tempo, esta última parece ter algo mais especial, talvez por ter marcado uma geração. “Com certeza ficará marcado, éramos adolescentes, inconseqüentes, comentávamos a foto dos outros sem pensar, entrava nas comunidades. Era muito legal”, diverte-se Luan.

Os fóruns das comunidades também são lembrados como espaços para fazer amizades. “Fiz muitos amigos em outros estados e alguns tornaram-se meus melhores amigos”, relembra Melissa Nunes, 22 anos. Ela também lembra das fotos, “tudo era motivo para colocar nos álbuns”, brinca.

“Não” ao encerramento do Orkut

Tem pessoas que de tão apegadas ao Orkut que são e não conformadas com o fim, criaram um abaixo assinado virtual pedindo que o Google não encerre as contas, que forçará os usuários, que ainda têm a conta do Orkut, a irem para o Google Mais. Na página, eles elencam porque a “causa” é importante.

A petição cita que o Orkut é a primeira grande rede social e mais popular no Brasil até 2011, além de conter um sistema de organização de fóruns nas comunidades, apontada como um dos principais motivos. Por fim, em último caso, pendem, caso não seja possível, que a empresa preserve o modelo de organização de fóruns, no caso do Google Mais.

Eles pretendem alcançar 75.000 assinaturas e, até agora, já são 50.445.