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Europa falhou ao ignorar perigo a aviões sobre Ucrânia, dizem analistas

Governos europeus minimizaram a gravidade dos conflitos no leste da Ucrânia e deveriam ter proibido voos comerciais sobre a região antes da queda do voo da Malaysia Airlines, que pode ter sido derrubado por um míssil, disseram especialistas ouvidos pela BBC Brasil. O avião havia decolado na quinta-feira de Amsterdã, na Holanda, com destino a […]
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Governos europeus minimizaram a gravidade dos conflitos no leste da Ucrânia e deveriam ter proibido voos comerciais sobre a região antes da queda do voo da Malaysia Airlines, que pode ter sido derrubado por um míssil, disseram especialistas ouvidos pela BBC .

O avião havia decolado na quinta-feira de Amsterdã, na Holanda, com destino a Kuala Lumpur, na Malásia, com 298 pessoas a bordo. A aeronave caiu em uma região da Ucrânia controlada por separatistas pró-Rússia. Não há sobreviventes.

Após o acidente, o Eurocontrol, órgão que administra a navegação aérea na Europa, proibiu as companhias europeias de sobrevoar o leste da Ucrânia e informou que todas as rotas aéreas nessa região ficarão fechadas “até nova ordem”.

O governo francês anunciou, na sexta-feira, que as companhias do país não poderão mais sobrevoar todo o espaço aéreo da Ucrânia. “É uma medida de precaução indispensável e que permitirá evitar novos acidentes”, declarou o ministro francês dos Transportes, Frédéric Cuvillier.

Autoridades ucranianas também fecharam as rotas aéreas no leste do país.

O voo MH17 da Malaysia Airlines era compartilhado (“code share”) com a companhia holandesa KLM, do grupo Air France.

O sobrevoo da Ucrânia é a rota mais utilizada nos percursos entre a Europa e o sul da Ásia.

Para Jean Serrat, ex-piloto da Air France, o desvio da rota sobre o leste da Ucrânia não teria impacto financeiro significativo para as companhias aéreas, descartando que esse teria sido o motivo para que muitas delas continuassem a sobrevoar a área.

“Voar um pouco mais ao norte ou ao sul da área de conflito representaria 5 a 10 minutos a mais de voo. Isso não é nada em um voo de quase 12 horas de duração como o da Malaysia Airlines”, disse.

“Medidas de economia, por parte das companhias aéreas, para economizar combustível, utilizando a rota mais curta, não são um critério fundamental nesse caso. O problema é que as autoridades europeias ignoraram os riscos no leste da Ucrânia”.

Sinais

Ele ressalta que dois aviões militares já haviam sido derrubados na região dias antes e que isso deveria ter servido de alerta aos líderes políticos e órgãos internacionais de aviação.

Além disso, havia informações de que separatistas pró-russos tinham se apoderado de equipamentos militares em uma caserna na Ucrânia.

Segundo Serrat, esse caso mostra que medidas de segurança tomadas antes do desastre pelo governo da Ucrânia, que havia fechado o espaço aéreo abaixo de cerca de 9 mil metros de altitude, se tornaram obsoletas.

O Boeing 777 da Malaysia Airlines voava, segundo autoridades, a 33 mil pés (10 mil metros) de altitude, na zona autorizada.

“Os mísseis até então usados por rebeldes eram aqueles lançados em equipamentos carregados nos ombros, que atingiam 4 a 5 quilômetros de altitude. Hoje, eles dispõem de sofisticadas rampas de lança-mísseis que podem chegam a 30 quilômetros de altura”, disse ele.

Gérard Arnoux, piloto da Air France e especialista em aeronáutica, diz que os sinais sobre a sofisticação das armas usadas no conflito deveriam ter servido de alerta para autoridades.

“Há dias os rebeldes no leste da Ucrânia davam sinais do agravamento da situação. Os dirigentes europeus deveriam ter tomado consciência disso, mas faltou firmeza. Cabe aos governos decretar a proibição de sobrevoar uma área”, diz Arnoux, citando o exemplo de que isso foi feito no caso da Crimeia, palco de confrontos entre grupos pró e anti-Rússia.

“Há zonas de conflito por todos os lados. A diferença é que antes pensávamos estar protegidos, já que mísseis lançados por equipamentos no ombro do atirador não atingiam aviões civis, que voam em altas altitudes. Mas as armas hoje nas mãos de rebeldes são mais sofisticadas”, disse.

O piloto também acredita que o desvio do leste da Ucrânia não teria impacto financeiro significativo por representar apenas dez minutos a mais de voo.

Economia?

Outros especialistas acham, no entanto, que a Malaysia Airlines e outras companhias continuaram a sobrevoar o leste da Ucrânia para realizar economia de combustível com a rota mais curta.

A Malaysia Airlines já enfrentava dificuldades desde o sumiço do voo MH370, que fazia a rota Kuala Lampur-Pequim, em março.

“As companhias escolhem a rota de voo mais econômica para manter os custos baixos. Os consumidores querem passagens baratas”, disse à BBC Norman Shank, ex-chefe de segurança do aeroporto de Heathrow, em Londres.

Antes do desastre e da proibição de sobrevoar o leste do país, algumas companhias aéreas, no entanto, já evitavam a região da Ucrânia por “princípio de precaução”.

A Korean Air e a Asiana, da Coreia do Sul, a australiana Qantas e a China Airlines, de Taiwan, já haviam modificado o percurso de seus aviões para evitar a Ucrânia desde março, quando tropas russas entraram na Crimeia.

A British Airways havia limitado seus voos para a Ucrânia à ligação diária Londres-Kiev, a capital.

Mas a maioria das companhias continuou sobrevoando a região. A Air France, a alemã Lufthansa e a americana Delta anunciaram a decisão de não sobrevoar o leste da Ucrânia somente após a queda do voo da Malaysia Airlines.

A Lufthansa informou ter decidido “contornar amplamente” a Ucrânia após a queda do voo MH17.

Segundo a Eurocontrol, o fechamento do espaço aéreo total da Ucrânia afetaria cerca de 300 voos diários.

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