Estiagem revela cemitério de carro no fundo do Rio Tietê

A forte estiagem que atinge o Sudeste está revelando que o rio Tietê e seus afluentes servem de cemitério para peças de veículos roubados – e até de carros inteiros – em Araçatuba, no interior de São Paulo. Nos dois últimos meses, dois carros inteiros e carcaças e peças de outros cinco veículos foram retirados […]

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A forte estiagem que atinge o Sudeste está revelando que o rio Tietê e seus afluentes servem de cemitério para peças de veículos roubados – e até de carros inteiros – em Araçatuba, no interior de São Paulo. Nos dois últimos meses, dois carros inteiros e carcaças e peças de outros cinco veículos foram retirados do fundo do rio Tietê e dos córregos Azul e Lafond, na zona rural de Araçatuba.

A polícia investiga a procedência dos carros e peças, que podem ser produtos de roubos e furtos e de golpes a seguradoras de veículos. A situação pegou os policiais de surpresa. “Até agora, a gente não sabia que o Tietê e seus afluentes serviam de cemitério de peças de veículos”, diz o delegado Marcelo Cury, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Araçatuba. “As quadrilhas de ladrões de carros usavam o rio para desovar os chassis e as peças de carros furtados ou roubados. As peças e chassis que não serviam eles jogavam no rio”, explicou Cury.

Nesta terça-feira, a Polícia Civil iniciou investigação para tentar identificar a procedência de mais um carro, um Palio vermelho, encontrado no fundo do rio Tietê. Ao secar quase completamente em alguns trechos, o fundo do rio deixa à mostra os veículos. O carro foi localizado nesta segunda por um casal de namorados que foi visitar o rio. “A gente veio ver como estava o rio com a seca e acabamos nos deparando com o carro”, contou a cabeleireira Rosângela Aparecida Flamirini, 41 anos.

O carro, que foi içado pelo Corpo de Bombeiro com ajuda de equipamentos de um estaleiro localizado na região, estava coberto por algas e mexilhões. Como não tinha placas, peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil iniciaram a checagem da numeração do chassi para saber se havia alguma queixa de roubo ou furto do veículo. “Primeiro, é preciso checar a procedência e encontrar os donos, para depois saber o que aconteceu”, disse Cury. Além da suspeita de furto ou roubo do veículo, os investigadores também deverão apurar se o carro não foi usado para golpe contra o seguro.

Na semana passada, a estiagem revelou a existência de um Chrysler Stratus, ano 1996, no fundo do córrego Azul, um afluente do Tietê. O veículo estava inteiro, com todos os acessórios nos devidos lugares, inclusive com a chave ainda no contato, e com o volante e os pedais amarrados. De acordo com a polícia, o carro de luxo, que foi levado para o pátio da Ciretran de Araçatuba, foi dado como furtado em 2000. Os investigadores tentam localizar os donos do veículo.

Há cerca de dois meses, chassis de dois carros, de motocicletas e peças de caminhões foram retirados debaixo de uma ponte do córrego Lafond, outro afluente formado pelas águas do Tietê. O material só pode ser encontrado porque motoristas, que passavam pela ponte, pararam para ver que o rio tinha secado completamente e, no lugar da água, encontraram as carcaças. Todas as peças estão sendo checada pela Polícia Civil para tentar se chegar aos donos dos veículos ou aos responsáveis pelos roubos e furtos.

“O local era usado por quadrilhas de ladrões de carros, que agora, com a descoberta pela polícia, certamente vão arrumar outro lugar para fazer a desova de peças que não lhes servem mais”, afirmou Cury.

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