Comissão Nacional da Verdade ouve indígenas de Mato Grosso do Sul sobre expulsão de terras tradicionais na época do então Mato Grosso. A audiência está marcada para esta sexta-feira (21), a partir das 7h30, na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Após a descoberta do Relatório de Figueiredo, que contém documentos antigos relatam episódios de violência e ocupação de terras tradicionalmente indígenas por parte de agropecuaristas.

Ao todo, os membros da comissão irão ouvir cinco indígenas de cinco diferentes comunidades das etnias Guarani e Guarani-Kaiowá, que poderão falar sobre episódios da ocupação do Estado por colonos.

Estarão presentes a psicanalista e membro da CNV Maria Rita Kehl, o procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida e os pesquisadores Marcelo Zelic, Spensy Pimentel e Jorge Eremites de Oliveira. O evento é coordenado pelo professor Neimar Machado (UFGD).

A coleta de depoimentos oficiais pela Comissão Nacional da Verdade pode subsidiar futuras ações de indenização coletiva em favor das comunidades indígenas ou outras ações compensatórias.

Segundo o Ministério Público Federal, o evento será transmitido ao vivo pela internet pelo link: https://www.youtube.com/channel/UCT0iY7gxbAbtujzI15bzt0g?feature=watch

Violência

Dados do MPF apontam que a população indígena de Mato Grosso do Sul é a 2ª maior do país, com mais de 70 mil pessoas. A maior etnia é a dos guarani, que habitam territórios ao sul do estado. A taxa de mortalidade infantil entre a etnia guarani-kaiowá é de 38 para cada mil nascidos vivos, enquanto a média nacional é de 25 mortes por mil nascimentos. Já a taxa de assassinatos – cem por cem mil habitantes 3 é quatro vezes maior que a média nacional, enquanto a média mundial é de 8,8. O índice de suicídios entre os guarani-kaiowá é de 85 por cem mil pessoas.