Bombeiros cariocas são finalistas em prêmio mundial por atuação em tragédia
Depois de resgatarem com vida cinco pessoas dos escombros de uma passarela derrubada por um caminhão na Linha Amarela, em janeiro, os bombeiros do quartel do Méier se sentiram recompensados ao receberem uma salva de palmas dos que acompanhavam o salvamento. Mas a comoção popular não foi o único reconhecimento para eles. O trabalho heroico […]
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Depois de resgatarem com vida cinco pessoas dos escombros de uma passarela derrubada por um caminhão na Linha Amarela, em janeiro, os bombeiros do quartel do Méier se sentiram recompensados ao receberem uma salva de palmas dos que acompanhavam o salvamento. Mas a comoção popular não foi o único reconhecimento para eles. O trabalho heroico também rendeu à equipe uma indicação à medalha Conrad Dietrich Magirus Award, uma espécie de Oscar dos bombeiros.
A competição, que foi criada em 2012 por uma empresa alemã, premia a atuação de bombeiros em desastres reais do mundo todo. Entre milhares de inscritos, os cariocas estão entre os dez finalistas, brigando contra candidatos de países como França, Áustria e Irã. O vencedor será eleito por voto popular, até domingo, no site world-of-firefighters.com.
— Fomos os únicos do Brasil a chegar lá, o que já é incrível. Estamos confiantes na vitória, pela dificuldade da ação — diz o tenente-coronel Demétrio Saldanha, de 43 anos, comandante do quartel.
Quem inscreveu o grupo na competição foi o tenente Igor Calixto, 22 anos. Há quatro anos na corporação, ele chegou ao local cinco minutos após a primeira equipe.
— Foi, de longe, o evento de maior complexidade que já vivi. Num só acidente, tivemos que dividir a equipe. Havia carros atingidos dos dois lados da via e um pedestre que passava pela passarela e caiu dentro do canal — lembra.
Com 24 anos de profissão, o tenente Paulo Henrique Félix de Oliveira, de 45, ficou impressionado ao chegar ao local à frente da primeira equipe.
— Era um cenário de guerra. Quem mais me chamou atenção foi uma senhora que estava presa às ferragens dentro do carro. Ao lado dela, havia um senhor já morto, e, apesar de tudo, ela se manteve calma o tempo todo — conta.
A senhora era Gláucia Pereira de Andrade, de 56 anos, que hoje se recupera das lesões causadas pelo acidente. Desde que soube da indicação dos bombeiros ao prêmio, iniciou uma campanha pela equipe.
— Peço votos para todo mundo. Eles prestaram um serviço muito bonito. Merecem essa homenagem — diz.
Ano passado, quem levou o troféu foi a corporação de Palermo, na Itália. A equipe resgatou 15 pessoas de um prédio que desabou logo depois. Este ano, os vencedores serão homenageados numa solenidade na Alemanha e ganharão dez passagens para Nova York, onde trocarão experiências com os bombeiros locais.
O motorista do caminhão que causou o acidente na Linha Amarela, Luís Fernando Costa, de 30 anos, foi indiciado por homicídio culposo pela Polícia Civil. Além de trafegar na via em horário proibido para veículos de grande porte, ele admitiu que falava ao celular enquanto a caçamba se levantou sem que ele percebesse. No entanto, oito meses após a tragédia, o processo ainda não foi concluído. A audiência de julgamento está marcada para o próximo dia 25.
— Fico triste com a lentidão da Justiça. Parece que isso não vai terminar nunca — desabafa Glaucia, que ainda se submete a tratamento ortopédico: — Tive um amassamento de rótula (osso do joelho) e, por isso, ainda sinto muita dor nas pernas. Pelo menos já estou conseguindo andar normalmente.
Além dos heróis do Méier, outro bombeiro carioca teve a honra de levantar um troféu internacional pela corporação. Em novembro de 2012, o cabo Alexandre Fernandes, com 22 anos na época, ganhou medalha de ouro nos Jogos Mundiais de Bombeiros, em Sidney, na Austrália. Morador do Morro da Providência, ele encarou provas de força, técnica e resistência para se consagrar.
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