Acusadas da morte de Bernardo Boldrini entram em contradição
O Fantástico mostrou neste domingo (20), com exclusividade, os depoimentos das duas acusadas de matar o menino Bernardo, de 11 anos, e depois enterrar o corpo dele, no Rio Grande do Sul. No depoimento à polícia, a madrasta disse que não teve a intenção de matar Bernardo. Ela contou que deu calmantes para o menino […]
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O Fantástico mostrou neste domingo (20), com exclusividade, os depoimentos das duas acusadas de matar o menino Bernardo, de 11 anos, e depois enterrar o corpo dele, no Rio Grande do Sul.
No depoimento à polícia, a madrasta disse que não teve a intenção de matar Bernardo. Ela contou que deu calmantes para o menino durante a viagem entre Três Passos, onde morava, e Frederico Westphalen, onde Bernardo morreu.
“O guri começou a agitar, agitar, e incomodar. Eu peguei alguns remédios que eu tinha. Tinha os remédios dele”, conta.
Graciele afirmou que o menino de 11 anos morreu dentro do carro.
Graciele: De repente, vi que ele começou a babar. Aí eu disse: ‘Esse guri não está bem’. Chamei, sacudi ele, nada. Comentei ainda com a Edi: ‘Eu acho que dei muito remédio para esse guri’. Na verdade, não tinha mais pulso. Ele já estava morto. Sou enfermeira. Eu sei, eu conheço. Pensei: ‘a gente vai ter que dar um jeito nesse corpo. Tem que esconder esse guri em algum lugar. Fazer alguma coisa’.
Graciele prestou o depoimento oito dias depois de a amiga Edelvânia contar tudo à polícia. Ela disse que a madrasta tinha um plano para matar Bernardo. “Eu tenho tudo em mente, faz tempo que eu venho planejando”. E eu disse: ‘se você vai ter que fazer uma coisa, que faça bem feito’”, diz Edelvânia.
Também afirmou que Graciele primeiro deu calmantes para o enteado. “Era para ele deitar e dormir. Ele foi tão forte e resistente que ele não dormiu”, diz Edelvânia. Ela contou que o lugar onde o corpo foi enterrado já tinha sido escolhido e que Graciele enganou Bernardo.
Edelvânia: Ela disse que ia levar ele numa benzedeira. E chegando lá, tinha que fazer um procedimento.
Policial: Ela disse pra ele?
Edelvânia: Que tinha que dar um piquezinho na veia.
Edelvânia deu detalhes de como o menino recebeu uma injeção letal da madrasta.
Edelvânia: Pediu pra ele deitar. Ele deitou.
Policial: Alegando o quê?
Edelvânia: Deita e fecha o olhinho que eu vou fazer a aplicaçãozinha, aquela.
Policial: Ele deitou na boa?
Edelvânia: hum, hum. Daí, ela fez a aplicação.
Policial: Onde é que ela aplicou?
Edelvânia: Na veia. No braço esquerdo.
Policial: E aí, ele?
Edelvânia: Foi apagando.
Foi Edelvânia quem levou os policiais até o local onde Bernardo foi enterrado. E também confirmou que Graciele jogou soda cáustica sobre o garoto.
Edelvânia e Graciele, a madrasta de Bernardo, estão em celas separadas em uma penitenciaria feminina em Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. Segundo a polícia, depois do crime, as duas trocaram mensagens por celular e combinaram o que iam dizer para os investigadores. Mas essa estratégia não deu certo.
Edelvânia conta que Graciele prometeu dar pelo menos R$ 20 mil, ao todo.
Policial: Quanto que ela te levou de dinheiro?
Edelvânia: R$ 6 mil.
Policial: E era em cheque, dinheiro?
Edelvânia: Não, era dinheiro.
As duas e o pai de Bernardo, Leandro Boldrini, que também está preso, foram indiciados por homicídio qualificado. Para a polícia ele foi o mentor intelectual do crime. “Vejo ele como o articulador de todas as condutas. Inclusive no que se refere: ‘façam, mas eu não posso aparecer’”, afirma Marlon Adriano Balbon Taborda, advogado da avó materna de Bernardo.
“A acusação de que ele seja o mentor intelectual não encontra amparo nem na versão dada por Edelvânia. Não encontra amparo na versão dada pela Graciele. Não há nada no inquérito policial que confirme essa possibilidade”, diz Jader Marques, advogado de Leandro.
Os advogados de Edelvânia e de Graciele não quiseram se manifestar.
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