O anúncio da presidente Dilma Rousseff feito em rede nacional de televisão, na noite desta Sexta-feira, de isenção de impostos federais da cesta básica surpreendeu até o PT.

“Ela já avisara ao presidente do partido, Rui Falcão, que a qualquer momento tomaria uma decisão sobre o assunto”, após a criação do grupo de trabalho da Presidência que estudava o tema, revelou o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE). “Mas não sabíamos quando seria”.

Dilma editou Medida Provisória, a despeito de projetos do PT e do PSDB que tramitam no Congresso. “A tramitação demoraria muito”, explica Guimarães.

O projeto já foi apresentado pelo PT na Câmara há dois anos, mas engavetado. Em agosto do ano passado, o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), apresentou emenda à MP 563 para a desoneração da cesta, mas a presidente vetou e ordenou que o PT se posicionasse. Criou o grupo de trabalho para os estudos e ontem saiu a decisão.

Segundo a presidente, no anúncio na TV, ”com desoneração da cesta básica governo abre mão de R$ 7,4 bilhões em arrecadação por ano”. Ela ratificou em rede nacional o que nos bastidores os ministros próximos já sabiam: seu temor da volta da alta inflação – o que pode prejudicar seu projeto de reeleição: ”Não descuido nem um momento do controle da inflação”.

No Dia Internacional da Mulher, Dilma anunciou outras duas medidas: fortalecimento da defesa do consumidor e criação de um “moderno centro integrado de apoio à mulher”, um por estado. Em tom de promessa, essas duas medidas reforçaram o discurso de pré-campanha da presidente que tentará à reeleição, e emendou com frases recheadas de elogios à atuação da mulher no Brasil – inclusive de sua posição.

“A maior autoridade desse país é uma mulher, que não tem medo de enfrentar os injustos”; E “Um governo comandado por uma mulher tem mais obrigação de lutar pela igualdade de gêneros. Trata-se de uma questão estratégica”.