Passageiras dizem que escândalo é único jeito de barrar abusados nos ônibus lotados
Casos recentes de ‘esfregões’ durante os horários de maior lotação assustam as mulheres, que reclamam da qualidade no transporte coletivo e apelam para barraco quando abusam da situação.
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Casos recentes de ‘esfregões’ durante os horários de maior lotação assustam as mulheres, que reclamam da qualidade no transporte coletivo e apelam para barraco quando abusam da situação.
Por conta dos últimos casos de abuso sexual dentro dos coletivos da Capital, o Midiamax conversou com algumas passageiras. Os ‘esfregões’ e ‘passadas de mão’ são comuns comuns nos horários de pico e não diferenciam idade ou roupas das passageiras. As mulheres cobram melhoria no serviço e ajuda de outros passageiros e funcionários para coibir a ação dos ‘abusados’.
Segundo Adriane Lima, de 30 anos, os abusos são muito comuns nos ônibus, principalmente nos horários de pico “Eu vim para Campo Grande há 15 anos, e posso comentar que as ‘encoxadas’ acontecem. Mas nunca vi aqui na cidade de o homem tirar o ‘negocio’ pra fora”, comenta. A mulher reclama da superlotação e da passagem, que ela considera “cara”.
Ela que é natural de Manaus, no Amazonas, contou que passou por uma situação parecida a da jovem de 21 anos abusada na linha 061. “Eu estava no ônibus em Manaus e o homem tirou o pênis e começou a esfregar em mim. Só que eu estava com um guarda-chuva e bati forte nele. Na outra parada o homem saiu correndo por que os outros passageiros também bateram nele”, afirma.
As irmãs estudantes de 16 e 14 anos, Fernanda e Amanda, também comentam que nos horários de maior lotação, muitos aproveitam o pouco espaço disponível para se “esfregar”. “Já aconteceu com a gente de o cara ficar atrás esfregando na gente, só que a gente vai pra outro lugar, comenta com um passageiro, fala alto, pra ver se o cara se toca”, fala Fernanda.
A falta de linhas e o excesso de lotação são pontos que todas as passageiras comentam. “Nunca abusaram de mim, mas sempre tem o engraçadinho que fica atrás. Nessa hora eu tenho mudar de lugar e ir para um ponto mais isolado, mas é difícil quando o ônibus está cheio”, comenta a auxiliar de produção Juliana Kátia, de 27 anos.
Vera Lucia, de 55 anos, disse que esse tipo de situação nunca aconteceu com ela, mas já ouviu casos de pessoas próximas. “Eu vi o caso de uma menina que aconteceu o mesmo, de o ‘tarado’ melecar a roupa dela. E isso dentro do ônibus”, fala. Para ela, essa situação nunca aconteceu por ela se manter atenta no coletivo. “Eu fico de olho vivo, fico prevenida. Vem um espertinho pro meu lado e já dou uma cotovelada”.
Educação e Respeito
Outro ponto em comum é que a maioria das passageiras diz não ser a favor da separação de linhas “femininas” e “masculinas” como acontece em outros estados do país. Para elas é uma questão de educação dos passageiros para a boa convivência no espaço público.
“Eu acho que é uma questão de educação de todos que pegam o ônibus, principalmente os homens. Por que o ônibus é cheio, mas isso não é motivo pra falta de respeito. Cada um tem que saber respeitar o lugar individual do outro”, argumenta a evangelizadora Elenice Ferreira da Silva, de 39 anos.
E, se o abuso acontecer, a unanimidade é chamar a atenção dos passageiros em volta e denunciar o acusado. “A mulher tem que tentar se defender, falar, gritar, bater, fazer qualquer coisa. Ter alguma reação. A não ser que o homem esteja armado”, aconselha Adriana.
Casos
Os abusos em Campo Grande começaram a ser noticiados com a prisão do “Maníaco do 87”, Lucimário Luiz da Silva, de 28 anos. O homem recebeu o codinome porque atacava mulheres que usavam a linha do ônibus 087, que faz o trajeto Terminal Nova Bahia – Centro – um dos mais usadas pela população.
Outro caso recente foi na semana passada, quando uma jovem de 21 anos foi abusada por senhor de idade não identificada dentro de ônibus da linha 061, que faz o trajeto bairro Moreninhas – Centro – também muito utilizado. Ele chegou a ejacular na roupa da passageira.
A delegada Rozely Molina, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) aconselha as pessoas a denunciarem qualquer tipo de caso de violência contra a mulher. “Se alguém vir algo assim tem que denunciar. Não se pode deixar atos como este acontecer”, pontuou.
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