Nathalie Becker, 23 anos, cresceu com o irmão, Fernando, um ano mais novo, ouvindo a mãe cantar Roberto Carlos. A música “Como é grande meu amor por você” para ela sempre foi a maior declaração de amor que alguém poderia fazer.

“Minha mãe trabalhava muito para nos sustentar então quando ela chegava à noite do trabalho sempre colocava “Como é grande meu amor por você” para a gente escutar. Era como se ela nos dissesse: olha, eu fico o dia todo fora, mas vocês são os amores da minha vida”, diz.

E assim Nathalie e o irmão cresceram…Ouvindo muito Roberto Carlos.

Até que um dia, a música que sempre foi símbolo de amor na família ajudou a despertar o irmão do coma. “Meu irmão foi internado há cerca de 5 anos. Ele teve uma doença muito grave e quase morreu. Quando fazia uma semana que ele estava internado eu fui visitá-lo. Minha mãe não queria que eu fosse, mas como os médicos já haviam desacreditado que ele reagiria minha mãe me deixou ir”, diz.

Ao chegar ao hospital, a jovem conta que não reconheceu o irmão de tão debilitado que ele estava. “Ele estava tão magrinho, fraquinho, com a barba por fazer. Não parecia ele. Fiquei ali chocada. Meu irmão é muito bonito, muito vaidoso. Sempre está alinhado. Eu fiquei assustada”, conta.

A mãe vendo a reação da filha e conhecendo os dois, pediu para que fizesse o que eles mais gostam: cantar. “Ai minha mãe pegou e falou canta para ele. Canta para ele. Porque, a gente sempre cantou junto. No coral da igreja, com os amigos, com a família”, fala.

E Nathalie, bem próxima ao ouvido do irmão começou: “Eu tenho tanto pra lhe falar/Mas com palavras não sei dizer/Como é grande o meu amor por você/E não ha nada pra comparar Para poder lhe explicar/Como é grande o meu amor por você”.

Na hora, ela diz que o irmão reagiu e ela o sentiu apertar forte a mão. “Ele apertou minha mão, começou a mexer os pés, até abriu os olhos e balbuciou alguma coisa”, lembra, ainda muito emocionada.

“Eu sei que a música fez ele reagir, foi como se ele me falasse: olha eu vou ficar bem. Eu vou sair dessa”, emenda. E apesar de o irmão ter ficado mais dias no hospital depois do episódio, ela acredita que foi este fato que o fez reagir. Foi um pequeno milagre, entre ela, o irmão e o rei.

E por isso a paixão desenfreada, que fez ambos tatuarem a canção nas costas. Nathalie explica que a tatuagem é como um marco, para ela e o irmão se lembrarem de tudo que passaram. E agora com a vinda do rei, o sonho é poder contar essa história e quem sabe cantar junto mais uma história de amor.

Paixão de família

“Minha avó era apaixonada por Roberto Carlos e meu avó sempre a presenteava com coisas do Roberto Carlos. Meus avôs passaram essa paixão para minha mãe que passou para mim”, diz.

A mãe, inclusive, conseguiu conhecer o rei. Quando ela ia completar quinze anos soube que o rei faria um show no Rio de Janeiro, e como morava lá na época, ficou plantada na frente do Copacabana Palace até ele aparecer. Deu certo! Saiu de lá com flor e ingresso para o show.