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Julgamento da 2ª maior chacina de sem-terra do País pode ser adiado

Quase oito anos e meio após os assassinatos de cinco integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, o julgamento do principal acusado do crime, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy, pode ser adiado mais uma vez. O julgamento está previsto para ser iniciado nesta quarta-feira, 15, mas a […]
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Quase oito anos e meio após os assassinatos de cinco integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, o julgamento do principal acusado do crime, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy, pode ser adiado mais uma vez. O julgamento está previsto para ser iniciado nesta quarta-feira, 15, mas a defesa de Chafik apresentou nesta segunda-feira pedido de adiamento para que sejam ouvidas 60 testemunhas do processo na comarca de Jequitinhonha, a 690 quilômetros da capital. Até a noite desta segunda, o juiz Glauco Soares, presidente do II Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, não havia decidido sobre a petição.

A chamada Chacina de Felisburgo ocorreu em 20 de novembro de 2004, quando 17 homens invadiram o acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, e atearam fogo em barracos e plantações Além das cinco vítimas executadas com tiros à queima-roupa – Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 – 20 pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de 12 anos. O crime foi a segunda maior chacina de sem-terra no País, atrás apenas dos assassinatos de 19 trabalhadores por policiais militares em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996.

Segundo o advogado Rogério Del Corsi, um dos defensores de Chafik, o adiamento foi pedido para que sejam ouvidas 60 testemunhas de defesa e acusações na comarca de Jequitinhonha. Essas pessoas já deveriam ter sido ouvidas por carta precatória expedida por Glauco Soares, mas, de acordo com Del Corsi, um equívoco da Justiça impediu a realização das oitivas. “Ao invés de ouvir as testemunhas, a Justiça apenas expediu intimação para que elas compareçam no julgamento em Belo Horizonte. Mas nenhuma testemunha é obrigada a ir para outra cidade”, observou.

A audiência está marcada para esta quarta-feira, 14, mas o advogado avalia que não haverá tempo para ouvir as testemunhas. “Temos esperança de bom senso do juiz (Glauco Soares), porque também não é possível para a defesa estudar 60 depoimentos em um dia. Seria um cerceamento de defesa muito grande”, acrescentou.

Acampamento

Antes mesmo de saber a decisão de Glauco Soares, cerca de 2 mil sem-terra de todas as regiões de Minas seguiram para Belo Horizonte, para montar um acampamento em frente ao Fórum Lafayette para acompanhar o julgamento. O grupo planeja um ato na hora do almoço, nesta terça, “para pedir Justiça para esse crime”, segundo Sílvio Netto, um dos representantes do MST no Estado. “A preocupação da defesa é porque sabe que o cliente é um assassino confesso que não tem como ser absolvido”, disparou Netto, referindo-se à confissão de Chafik em depoimento à polícia de que comandou e participou do ataque ao acampamento.

O fazendeiro aguarda o julgamento por um júri popular pelos cinco assassinatos e 12 tentativas de homicídio em liberdade. “Caso tenha novo adiamento, o Estado tem que tomar alguma providência. Ou determinar a desapropriação do acampamento (Terra Prometida) ou prender o Chafik, porque, solto, ele representa uma ameaça para os trabalhadores. Já mostrou do que é capaz”, salientou o dirigente do MST. A reportagem tentou falar com o fórum de Jequitinhonha no fim da tarde desta segunda, mas não houve retorno.

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