Indígenas vão resistir contra desocupação de terras em MS

Grupo de indígenas que ocuparam nove fazendas na região de Japorã prometem resistir aos ataques. Eles afirmaram que foram alvo de tiros de metralhadoras e fuzis, no último domingo. O grupo acusa uma empresa de segurança que teria sido contratada por fazendeiros que tiveram as terras tomadas. Os guaranis afirmam que a ocupação naquela região […]

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Grupo de indígenas que ocuparam nove fazendas na região de Japorã prometem resistir aos ataques. Eles afirmaram que foram alvo de tiros de metralhadoras e fuzis, no último domingo. O grupo acusa uma empresa de segurança que teria sido contratada por fazendeiros que tiveram as terras tomadas.

Os guaranis afirmam que a ocupação naquela região já “recrutou” mais de três mil indígenas, mas que se for necessário vão dobrar ou até mesmo triplicar o número.

“Se houver ataque nós vamos resistir. Será uma verdadeira guerra porque se matarem um de nós haverá sangue do outro lado também. Será olho no olho e dente por dente”, destaca, observando que os mais de 50 tiros disparados pela suposta empresa teria acertado dois índios de raspão.

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do MS (Famasul) são 79 áreas ocupadas por indígenas no estado. Dessas, 21 áreas fotram tomadas após o acordo firmado entre índios, fazendeiros e o Conselho Nacional de Justiça de que não haveriam novas invasões porque a União aceitou comprar terras e indenizar produtores em áreas comprovadamente indígenas.

Em relação a isto a comunidade indígena de Japorã afirmou que as novas ocupações naquela região não estão relacionadas ao acordo e que eles estariam atuando de forme independente.

“Não tivemos outra alternativa a não ser retomar as nossas terras de origem. Isto porque apesar das cartas que enviamos às autoridades, além dos apelos e da miséria com que vivem a comunidade indígena, nada foi feito nos últimos 10 anos. Nossas aldeias estão superlotadas e não há mais espaço nem para moradia. Não conseguimos oportunidade nem dentro e nem fora das aldeias. Nossas crianças são as que mais sofrem e por isto queremos um futuro melhor para elas”, destaca uma liderança que preferiu não se identificar.

Ele também afirmou que não há violência nas ocupações e que não estão interessados no gado deixado pelos produtores. “Nós pedimos para que eles desocupassem o local de forma tranquila. Se quiserem podem vir retirar o gado. Nós não vamos utilizá-lo pois entendemos que a carne está toda cheia de veneno”, destaca.

Ele disse ainda que o Ministério Público Federal e Polícia Federal estão no local acompanhando e monitorando a região e que até ontem a tarde o clima estava calmo entre indios e fazendeiros. O jornal contatou o Ministério Público Federal na tarde de ontem, mas até o fechamento dessa edição nenhum procurador havia se pronunciado a respeito das ocupações e riscos de conflitos agrários em Mato Grosso do Sul.

Em julho deste ano o Conselho nacional de Justiça sugeriu propostas que foram aprovadas por índios e fazendeiros. No entanto, o Governo Federal ainda não avançou na compra das áreas conforme sugestão do conselho. Enquanto isso, fazendeiros se dizem preocupados. Eles entraram na Justiça com um pedido de reintegração de posse das áreas, mas enquanto o caso está sendo analisado, a Justiça determinou que a Polícia Federal fique na região para evitar conflitos. Os fazendeiros só conseguem entrar nas propriedades que estão ocupadas pelos indígenas com escolta da Polícia Federal. Os trabalhadores rurais alimentam os animais que ficaram nas propriedades.

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