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Em condições precárias, motorista paulista passa fome e necessidades em Campo Grande

Desde sexta-feira Edivan se alimenta com o que ganha de outros caminhoneiros. Há quatro dias ele enfrenta dificuldades para tomar banho e dorme dentro da cabine do caminhão.
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Desde sexta-feira Edivan se alimenta com o que ganha de outros caminhoneiros. Há quatro dias ele enfrenta dificuldades para tomar banho e dorme dentro da cabine do caminhão.

Há 25 anos trabalhando como motorista, Edivan Dias Rocha, de 49 anos, passa por necessidades em Campo Grande. Ele que é morador de Santana da Ponte Pensa (SP), foi contratado pela empresa Flora, de Luziânia (GO), para transportar produtos de limpeza, da marca Minuano, para a capital sul-mato-grossense.

Após contratempos como, por exemplo, caminhão quebrado, Edivan chegou ao seu destino final sem condições financeiras de ficar na cidade e nem de voltar para seu ponto de partida. Sem dinheiro, ele precisou recorrer à boa ação de terceiros para se manter e até se alimentar.

A história do motorista começa na última quinta-feira (9) quando ele saiu de Luziânia para transportar 12 mil quilos de carga de produtos de limpeza. Ele conta que recebeu R$ 1.114,00 de carta frete, que é o dinheiro que o motorista recebe antes de transportar a carga. Desse montante, R$ 400 foram gastos já na cidade para abastecer o veículo com óleo diesel.

Durante o trajeto do transporte, por fatalidade do destino, o eixo traseiro do caminhão de Edivan quebrou. Logo, ele usou parte do dinheiro para consertar o veículo. Ao chegar a Campo Grande, o motorista tinha apenas R$ 20 no bolso, como ele mesmo conta.

“Tive que fazer duas soldas no eixo. Tinha que ser feito, senão o caminhão poderia tombar e o prejuízo ser maior, além de causar vítimas e perder a carga. Com isso, cheguei a Campo Grande na sexta-feira (10) com R$ 20 no bolso para comer e dormir”, relata.

Como se essa dificuldade não bastasse, Edivan descobriu na empresa receptora da carga em Campo Grande, a Bate Forte, que para descarregar os produtos, é necessário pagar uma taxa de R$ 270. Além disso, outra informação que deixou o motorista mais desesperado foi o fato de ele descobrir que a carga não havia sido solicitada pela empresa Bate Forte.

“Não fui atendido aqui. Não sei o que fazer. Liguei para a Flora em Goiás e eles também não me atendem. Estou sem tomar banho, sem dormir direito e comendo o que os outros me dão porque não tenho mais dinheiro”, reclama.

Desde sexta-feira (10), Edivan se alimenta com o que ganha de outros caminhoneiros que aguardam na fila do Bate Forte para descarregar as cargas encomendadas. Há quatro dias ele enfrenta dificuldades para tomar banho e dorme dentro da cabine do caminhão.

Carga apresentada sem pedido

A reportagem do Midiamax ouviu um encarregado de operações do Bate Forte, que preferiu não se identificar. Ele esclareceu o caso.

Segundo o funcionário, a Flora encaminhou a mercadoria sem o Bate Forte ter feito pedido. Com isso, a atitude correta a se tomar era mandar a mercadoria de volta, mas, devido a situação do motorista, e a qualidade do produto, a empresa decidiu negociar a compra.

“O motorista nos procurou na segunda-feira (13) às 10h30 sem pedido por parte do fornecedor. Verificamos nosso sistema e não tem pedido cadastrado. Mesmo assim, devido as condições dele [motorista] e o nome da marca [Minuano] decidimos negociar a compra. Pegamos a nota e apresentamos ao setor comercial, que se dispôs a negociar com o fornecedor”, conta.

O funcionário explicou que a negociação foi feita com a empresa fornecedora e que o Bate Forte receberá os produtos. No entanto, o motorista precisará pagar a taxa de R$ 270 para descarregar o material.

Agora, sem o dinheiro e com a compra autorizada, dúvidas e incertezas ainda pairam sobre a cabeça de Edivan.

“Eu só quero ir embora. Vou ter que deixar esse caminhão encostado em alguma oficina aqui, porque, para arrumar, são cerca de R$ 2 mil e eu não tenho condições. Tenho um saldo de frete para receber da Flora, só quero que a empresa aqui abata esse valor do saldo de frete para eu ir embora”, pede o motorista.

A expectativa do motorista é a que a negociação com a empresa fornecedora seja realizada para que ele consiga voltar a seu destino e receber seu pagamento.

Primeira vez

O motorista disse que essa é a primeira vez que transporta material para a empresa Flora. Além de ser a primeira vez que traz cargas para Campo Grande.

O prejuízo de Edivan ainda é mais grave porque o caminhão que estragou na viagem é dele, e não da empresa.

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