Cerca de 300 audiências serão realizadas em busca de um acordo entre consumidores e empresários. Previsão inicial era de 1,6 mil audiências

Quem está com débitos no comércio de Campo Grande pode negociar a dívida e se livrar de juros e multas até sexta-feira (5). As condições especiais estão sendo oferecidas na III Semana de Conciliação de Campo Grande, que deve realizar pelo menos 300 audiências neste ano.

O agricultor Francisco Aires, 57 anos, foi um dos que procuraram resolver suas pendências. Com débitos de R$ 5.403,17 com a Enersul, ele conseguiu resolver a conta com uma entrada de R$ 500 e 24 parcelas de R$ 228,91, e ainda ficou livre do juros de 10% pelo atraso nas contas.

“Foi muito bom, tentei negociar direto na empresa, mas lá eu tinha que dar uma entrada de R$ 2 mil, pagar os juros e ainda podia parcelar em no máximo oito vezes, tava impossível de pagar”, comentou Francisco.

Francisco esteve nesta terça-feira (2) na ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), que organiza a Semana de Conciliação. Os benefícios para quem realizar a conciliação variam de cada empresa, mas costumam ser redução de juros e multa e ampliação do prazo de pagamento.

A negociação funciona da seguinte maneira: devedor e empresa são chamados e então, na presença de um conciliador, chegar a um acordo. Somente se as partes aceitarem os termos é que um acordo é assinado, e homologado pelo TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), tendo força de uma sentença.

Segundo dados da ACICG, 88% das audiências em Campo Grande terminam em acordo entre as partes, e 99% das partes acabam realmente cumprindo o acordado durante o encontro.

Nesta edição da Semana de Conciliação são nove empresas cadastradas para negociações. As dívidas normalmente são referentes à falta de pagamento ou atraso de faturas. Porém, a semana é apenas um “intensivão” de negociações, e qualquer cliente que enfrente problemas com empresas pode buscar a CBMAE (Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem), localizada na Associação Comercial, qualquer dia do ano.

“A Semana é pra lembrar a população que existe a conciliação. Porém, qualquer um, pessoa física ou empresa, pode buscar a Câmara e apresentar o problema. Nós então chamamos a outra parte e tentamos uma negociação”, relatou Roberto Oshiro, presidente da CBMAE.

Movimento

A previsão era a realização de 1.600 audiências neste ano, porém não devem ocorrer mais de 300. Os problemas são os mais variados: endereço desatualizado (já que o convite para negociação é feito por cartas), horário incompatível e outros.

Somente na segunda-feira foram 29 audiências, com 21 acordos, 72% do total. Se confirmado a expectativa, de 300 audiências, o resultado vai ser 154% maior que o ano passado, quando foram tentados 118 acordos.

O total de dívidas soma R$ 4 milhões que deveriam ser renegociadas até esta sexta-feira.