Brasileiros concluem escola de bambu para 350 crianças africanas

O medo da violência e das doenças não impediram que um grupo de brasileiros cumprisse a missão de construir uma escola de bambus em um dos países mais pobres da África, a Libéria. A obra foi concluída no final de junho, após cinco meses de construção e de três anos arrecadando dinheiro pela internet, com […]

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O medo da violência e das doenças não impediram que um grupo de brasileiros cumprisse a missão de construir uma escola de bambus em um dos países mais pobres da África, a Libéria. A obra foi concluída no final de junho, após cinco meses de construção e de três anos arrecadando dinheiro pela internet, com rifas, festas e venda de DVDs, canetas e camisetas sobre o projeto. No entanto, o sonho de ver a escola funcionando precisou ser interrompido por causa do receio de um sequestro.

O jornalista Vinícius Zanotti e construtor Fabio Ivamoto Peetsaa, que viajaram à Libéria para tocar a obra em fevereiro deste ano, precisaram deixar o local às pressas. O boato de que eles teriam US$ 200 mil em dinheiro, de supostas doações para terminar a escola, se espalhou pela comunidade e o medo de um assalto obrigou a saída imediata. A inauguração não pôde ser feita, mas o prédio está pronto e as aulas terão início no começo de agosto, atendendo 350 crianças da comunidade de Fendell, na periferia da capital Monróvia.

“No final da obra tivemos inúmeros casos de furtos dos próprios trabalhadores. Somando-se a isso, surgiu um boato de que teríamos US$ 200 mil a mais para gastar com o projeto. Valor completamente inexistente. Diante desta boataria, e com medo de um possível sequestro, decidimos sair sem comunicar a ninguém. Apenas eu, Peetssa e nossa equipe no Brasil sabíamos desta saída”, disse Zanotti.

O jornalista – que teve a ideia de construir a escola de bambu em 2010, durante uma viagem à Libéria – também relatou outro problema enfrentado no final da obra. O gerador (fabricado com ímãs de HDs de computador quebrado e rodas de bicicleta) e a bomba de água criados pelo colega Peetssa e que garantiriam energia elétrica à escola não foram instalados. “O proprietário do terreno da barragem, que tinha autorizado previamente, quis cobrar posteriormente o uso do solo. Já o proprietário da comunidade seguinte que o rio passava, queria um tratamento químico na água por conta dela ter ficado barrenta por apenas um dia. Um argumento para tentar, de um jeito ou outro, ter algum proveito financeiro”, lamentou Zanotti.

Apesar das dificuldades, ele disse que não sente nenhuma frustração com o projeto. “Apenas esta saída imediata nos surpreendeu. Mas ao mesmo tempo, compreendemos um pouco da situação liberiana, país com 83% da população desempregada: salve-se-quem-puder, da forma que puder”, disse ao lembrar das dificuldades enfrentadas ao longo dos últimos meses no país, devastado por uma guerra civil que durou de 1989 a 2003.

Zanotti e Peetssa moraram por cinco meses em um galpão, ao lado da futura escola, sem energia elétrica e água encanada. As baterias das câmeras fotográficas e do computador eram carregadas graças a um inversor de energia, que utiliza a bateria de um carro para funcionar. A alimentação era precária e o medo de doenças, como malária e tifo, uma constante. Felizmente, eles conseguiram concluir a obra em segurança e pegaram um avião para a Europa, onde se encontram atualmente, na casa de amigos. O retorno ao Brasil está previsto para agosto.

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