Asteroide que passou perto da Terra pode valer quase 200 bilhões de dólares

Não foi apenas pela proximidade com que passou pela Terra que o asteroide 2012 DA14 chamou atenção na última sexta-feira, 15. Para alguns cientistas americanos, longe de ser uma ameaça, ele é uma “mina de ouro” avaliada em bilhões de dólares. Mais precisamente, 65 bilhões de dólares em água recuperável e 130 bilhões de dólares […]

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Não foi apenas pela proximidade com que passou pela Terra que o asteroide 2012 DA14 chamou atenção na última sexta-feira, 15. Para alguns cientistas americanos, longe de ser uma ameaça, ele é uma “mina de ouro” avaliada em bilhões de dólares. Mais precisamente, 65 bilhões de dólares em água recuperável e 130 bilhões de dólares em metais.

A estimativa foi feita para companhia americana Deep Space Industries (DSI), uma iniciativa privada que quer, em breve, começar a explorar os asteroides que passam perto da Terra. Formada por investidores privados e executivos com passagem pela NASA, a DSI foi criada com objetivos ousados: suprir as necessidades dos consumidores em potencial e oferecer um futuro diferente para a humanidade. Para isso, tem apenas um foco — os asteroides.

A DSI ainda não iniciou suas atividades no espaço, mas, segundo o fundador e diretor de desenvolvimento e pesquisa, Stephen Covey, os asteroides podem despertar uma nova “febre do ouro” em um futuro não muito distante. A aventura não será fácil e o custo será elevado, mas as possibilidades destas rochas gigantes, compostas de água e metais como ferro, ouro e platina, o levam a crer que o esforço vale a pena.

Pit stop espacial — O 2012 DA14 passou a 27.700 quilômetros da superfície terrestre, um recorde de proximidade em termos astronômicos. No entanto, ele não seria um bom alvo para a DSI, já que sua órbita estava relativamente inclinada em relação à da Terra. Para explorar estes corpos celestes, a empresa pretende “caçá-los” no espaço e arrastá-los para a órbita baixa terrestre. Ali, além da exploração, seria possível reabastecer foguetes em viagens tripuladas mais longas.

No plano da DSI, o material extraído do asteroide será transformado em componentes metálicos e a água, colhida em forma de gelo, irá diretamente para os foguetes. Este “posto de gasolina espacial”, além de render bilhões em lucros à DSI, poderia levar à economia de recursos e ao fim do lixo espacial. Segundo Covey, atualmente, o envio de combustível, água e materiais necessários para montar a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) tem um custo de pelo menos US$ 10 milhões por tonelada, mesmo utilizando os novos veículos de baixo custo. Além disso, os satélites de comunicaçãom que orbitam ao redor da Terra atualmente deixam de funcionar quando seu combustível acaba, se autodestruindo e gerando resíduos abandonados no espaço. Com as estruturas de reabastecimento idealizadas pela DSI, esses problemas poderiam ser resolvidos.

Prazos — A companhia, que deve ter sua própria frota de aparelhos espaciais, já tem em seu calendário sua primeira missão, em 2015, para fazer uma viagem de reconhecimento a um asteroide. Primeiro lançarão alguns pequenos satélites exploradores em uma missão só de ida, com uma duração de entre dois e seis meses, para detectar possíveis asteroides para exploração e estudar sua composição mais de perto. A ideia é utilizar a tecnologia dos microssatélites de pesquisa (‘CubeSat’), que usam componentes eletrônicos e não pesam mais do que um quilo.

Para financiar esta missão, espera-se contar com investidores e clientes, como a agência espacial americana (Nasa), assim como companhias patrocinadoras. Em 2016, está prevista a realização da primeira missão com uma nave espacial não tripulada, que poderia durar entre dois e três anos, para recolher amostras.

A companhia, que prevê contar com naves de empresas espaciais particulares, está projetando também seus próprios modelos para criar um veículo reutilizável que permita aproximar pequenos fragmentos de asteroides da órbita terrestre. O veículo vai utilizar uma espécie de tentáculo metálico que esticará cabos para envolver o asteroide e arrastá-lo como se ele estivesse dentro de uma grande bolsa.

Corrida — Por enquanto, já há duas companhias americanas — DSI e Planetary Resources (da qual participa o co-fundador do Google, Larry Page) — interessadas em explorar os recursos vindos dos asteroides. Estes corpos celestes considerados remanescentes da formação do Sistema Solar abrigam “tudo o que nossa civilização necessita para para suprir nossas necessidades aqui e aumentar a riqueza de nossa economia”, segundo Covey. Para a DSI, o desafio é ser a primeira empresa a começar a exploração comercial no espaço e, assim, “estabelecer as regras e assegurar para nós – e para nossos investidores – a vitória”, ressalta o diretor.

O professor de ciências planetárias do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), Richard Binzel, concorda que, com o tempo, os asteroides podem ser explorados para obter recursos e chegar a ser pontos de operação para as viagens tripuladas a planetas. No entanto, em declarações ao The Wall Street Jornal, ele considerou que o esforço da DSI de trazer os asteroides para perto da Terra “pode estar décadas à frente de seu tempo”, e ser talvez otimista demais. Binzel insistiu, de todo modo, que “é preciso começar de algum ponto”.

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