Argentino do Mais Médicos é investigado por receitar dose de remédio 72 vezes maior no RS

O Ministério da Saúde abriu nesta terça-feira uma investigação contra o médico argentino Juan Carlos Cazajus por suposto erro médico na prescrição de medicamentos a um paciente em Tramandaí, no litoral norte do Rio Grande do Sul. A prescrição, datada de 8 de outubro, indicava o uso intensivo do antibiótico Azitromicina 500mg, numa dose muito […]

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O Ministério da Saúde abriu nesta terça-feira uma investigação contra o médico argentino Juan Carlos Cazajus por suposto erro médico na prescrição de medicamentos a um paciente em Tramandaí, no litoral norte do Rio Grande do Sul. A prescrição, datada de 8 de outubro, indicava o uso intensivo do antibiótico Azitromicina 500mg, numa dose muito superior à recomendada pela literatura médica. O profissional começou a atuar na cidade há 15 dias no programa Mais Médicos do governo federal.

Segundo a receita, o paciente deveria tomar 24 comprimidos do antibiótico de oito em oito horas. A dose recomendada, segundo o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), não deveria passar de uma cápsula diária durante três dias – em casos considerados mais graves, o período de medicação poderia ser estendido a uma pílula diária por oito dias.

Um médico supervisor do Ministério da Saúde, que foi à cidade apurar a informação, confirmou que Cazajus foi o autor da prescrição. Ele disse que o médico recomendou a superdosagem devido à gravidade do quadro clínico do paciente, que apresentou infecção respiratória acentuada por falta de ar.

Ainda segundo o supervisor, o paciente é fumante e apresenta um histórico de resistência ao tratamento. O diretor da secretaria municipal da Saúde, César Santos, confirmou a informação e disse que o procedimento do profissional se baseou em “evidência clínica”.

– O paciente não apresentou nenhum sintoma em função da dose prescrita e seu quadro de saúde é estável – informou Santos.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que está em Tramandaí para “acompanhar e avaliar” a atuação do profissional, após a comunicação de prescrição de uma dose “possivelmente inadequada” de um antibiótico. Não houve nenhuma denúncia formal contra o médico e a investigação foi motivada por informações da imprensa.

O órgão também informou que os médicos com registro no Brasil, inclusive os profissionais com licença provisória devido à participação no Mais Médicos, “estão sujeitos à fiscalização estabelecida pelo Conselho Regional de Medicina em que estiver inscrito, conforme legislação aplicável”.

De acordo com o Código de Ética Médica, quem cometer falta grave cujo exercício profissional constitua risco de danos irreparáveis ao paciente ou à sociedade poderão ter o exercício profissional suspenso mediante procedimento administrativo específico.

A coordenação do Mais Médicos informou que Cazajus tem mais de 25 anos de experiência em medicina clínica e que a dosagem acima do normal não causou danos ao paciente. O caso começou a ganhar repercussão na segunda-feira, depois que uma cópia da receita foi postada no Twitter.

O Cremers também anunciou a abertura de uma sindicância ex-oficio (quando não há uma denúncia formal) para apurar a possibilidade de erro médico. Segundo o presidente do órgão, Fernando Matos, o excesso na dosagem de Azitromicina pode causar alterações no fígado e nos rins.

– O tipo de prescrição enseja a conclusão por superdosagem. Mas vamos realizar uma investigação calma e serena e aplicar o tratamento administrativo que daríamos a qualquer médico brasileiro que cometesse o mesmo erro – afirmou.

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