Até pouco tempo atrás, redes sociais e mensagens de texto (SMS) eram as ferramentas de interação favoritas dos usuários de celular. Mas, com o crescimento das vendas de smartphones no mundo, as duas formas de comunicação ganharam um inimigo em comum. Ou melhor, centenas. Os aplicativos de mensagem como o WhatsApp fazem sozinhos – e na maior parte das vezes de graça – o que antes era exclusividade das operadoras de celular e das redes sociais. Basta ter conexão com a internet no telefone para trocar mensagens com os amigos, compartilhar fotos, vídeos, textos e até fazer ligações.

Na Europa e na Ásia a adoção desses apps é tão alta que reduziu o lucro das operadoras com o serviço de SMS – um movimento que deve se espalhar pelo mundo. Um relatório da consultoria Ovum estima que até 2016 as operadoras de telefonia móvel terão perdido US$ 54 bilhões em lucro com SMS globalmente. À medida que esses aplicativos se tornam plataformas mais completas, começam a roubar usuários também do Facebook. Pesquisa do banco de investimento PiperJaffray com 5 mil adolescentes dos EUA mostrou que o interesse pela rede social caiu 10% em um ano. Um dos motivos para o êxodo seria a busca por mais privacidade nos apps de mensagem, já que no Facebook os jovens são vigiados pelos pais.

No Brasil, onde o acesso à banda larga móvel é restrito e o mercado de smartphones está em estágio inicial, o uso desses apps ainda não é disseminado entre usuários de celular. Dos 59,5 milhões de aparelhos vendidos em 2012, 16 milhões (27%) eram smartphones. “Ainda não chegamos nem ao pico do uso do SMS”, diz o analista do IDC, João Paulo Bruder. “A expectativa é que a receita das operadoras com dados móveis, incluindo mensagens de texto, cresça em volume e receita até 2016.”

Para os que já têm um celular com internet, o cenário muda. Outro relatório da Ovum mostra que o uso de SMS cai 40% quando uma pessoa compra um smartphone. “As mensagens sociais não são uma tendência de curto prazo, mas uma mudança no padrão de comunicação”, diz o estudo.

O analista de sistemas Arthur Barbosa, de 27 anos, passa pelo menos cinco horas por dia no WhatsApp ou no Facebook Messenger – aplicativo da rede social para trocar mensagens entre usuários do site. A explicação é simples. Barbosa trabalha no centro do Rio de Janeiro, mas sua família está dividida: uns moram no interior do Estado e outros no Rio Grande do Norte. Parte dos amigos vive em São Paulo e ele também mantém contato com outros tantos que conheceu em viagens ao exterior. “Uso aplicativos para me comunicar até com o meu chefe. É mais prático porque posso responder às mensagens no meu tempo”, afirma. “Só uso SMS para me comunicar com quem não tem nenhum deles.”

O aplicativo favorito de Barbosa, o WhatsApp, é líder mundial e o mais popular no Brasil. “Estamos orgulhosos do nosso crescimento no País”, disse à reportagem o diretor de desenvolvimento do WhatsApp, Neeraj Arora. “Achamos que há espaço para diferentes tecnologias coexistirem e esperamos nos tornar o principal aplicativo de mensagens do mundo.” A empresa não divulga o número de usuários, mas na semana passada o presidente do WhatsApp, Jan Koum, declarou que o serviço é maior que o Twitter – hoje com 200 milhões de usuários por mês.