Vice-presidente da Argentina nega acusações em escândalo de corrupção

O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, criticou nesta quinta-feira a Justiça do país por ordenar uma busca em seu apartamento no bairro nobre de Puerto Madero, em Buenos Aires, em meio ao escândalo em que é acusado de lavagem de dinheiro e não cumprimento dos deveres de servidor público.

Rafecas investiga se o vice-presidente intercedeu a favor da empresa Ciccone Calcográfica em uma licitação de emissão de cédulas de peso argentino.

Amado Boudou criticou juiz que investiga escândalo de corrupção e imprensa em entrevista coletiva
Em uma sessão no Senado argentino, que preside, ele não explicou a origem dos comprovantes de pagamento da taxa de condomínio de seu apartamento pagos por Alejandro Vandenbroele, dono da Ciccone, encontrados na quarta na administradora do edifício onde tem o imóvel.

No entanto, afirmou ser vítima de “um ataque midiático das máfias” e acusou Héctor Magnetto, presidente do Grupo Clarín, maior empresa de comunicações do país, de formar uma “máfia” que pediu ao juiz que autorizasse as buscas.

“Esse foi um ataque brutal às instituições. Um ataque de máfias cujos principais referenciais nesse país são o senhor Magnetto e tem atores menores que alcançam até o poder judiciário”.

O vice-presidente acusou os jornalistas que cobrem o escândalo de tráfico de influências como “sem vergonhas” e “algozes”. “É uma vergonha e lamentável que, em vez de nos preocuparmos com as coisas dos argentinos, tenhamos que nos ocupar da Argentina de Magnetto, “La Nación” e “Perfil” [jornais argentinos]”.

Reações

Em resposta às acusações de Boudou, a Associação de Magistrados e Funcionários disse que as críticas “não são formas de responder a um processo”.

Após o discurso, a oposição anunciou que apresentará uma denúncia contra o vice-presidente por não cumprimento de seus deveres como funcionário público.

“Vamos pedir que se investigue e que provas tem, porque está acusado um juiz exemplar que teve uma atitude independente”.

Vice-presidente no primeiro mandato de Cristina Fernández de Kirchner e opositor, Julio Cobos afirmou que Boudou tem o respaldo do governo, apesar de acreditar que o caso possa prejudicar a presidente.

“Perdeu uma oportunidade de permitir que a imprensa perguntasse e esclarecer as dúvidas de uma coisa que está afetando ele como vice-presidente, que é o mais importante a ser preservado”.