Testemunha relata retirada de coração a frio em Kosovo

A TV estatal sérvia (RTS) transmitiu nesta segunda-feira a entrevista com uma testemunha do tráfico de órgãos durante a guerra de Kosovo que afirma ter extraído o coração de uma vítima consciente e sem anestesia. “Me deram um bisturi e ordenaram: ”começa porque não temos muito tempo””, revelou o homem, cuja voz foi distorcida pela […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A TV estatal sérvia (RTS) transmitiu nesta segunda-feira a entrevista com uma testemunha do tráfico de órgãos durante a guerra de Kosovo que afirma ter extraído o coração de uma vítima consciente e sem anestesia.

“Me deram um bisturi e ordenaram: ”começa porque não temos muito tempo””, revelou o homem, cuja voz foi distorcida pela emissora e que teria integrado a guerrilha de Kosovo. “Coloquei minha mão esquerda sobre seu peito e comecei a cortar (…). O sangue jorrou e ele gritou pedindo para não ser mutilado, que não o matássemos”, disse a testemunha, com sotaque albanês. “Ele perdeu a consciência. Não sei se desmaiou ou morreu, não posso dizer porque fiquei transtornado”, revelou a testemunha sobre a vítima, que “tinha cerca de vinte anos”.

O promotor sérvio para crimes de guerra, Vladimir Vuckevic, disse no domingo à AFP que tinha uma testemunha – um ex-integrante da guerrilha do Kosovo – sobre o tráfico de órgãos extraídos de prisioneiros sérvios. Segundo a testemunha, a cirurgia ocorreu em uma sala de aula, sobre três bancos colocados lado a lado para servir de mesa de operação. A vítima foi imobilizada por quatro guerrilheiros kosovares.

Na entrevista, a testemunha não revela onde ocorreu a operação, mas Vuckevic disse à AFP que a barbárie teve lugar no norte da Albânia, na zona de fronteira com Kosovo, “no final dos anos 90”. A testemunha afirma que da operação participaram dois médicos, incluindo um encarregado de preservar o órgão retirado, e conta como um dos homens “arrancou o coração da caixa toráxica, ainda batendo”, após “secionarmos as artérias” da vítima.

O coração foi colocado em uma caixa térmica e levado imediatamente para o aeroporto de Tirana, onde os rebeldes foram recebidos por militares do Exército albanês. O órgão seguiu para o estrangeiro a bordo de um “pequeno avião particular” de matrícula turca, afirmou a testemunha. As denúncias de tráfico de órgãos em Kosovo remontam a 2008 e fazem parte do relatório do parlamentar suíço Dick Marty, adotado em janeiro de 2011 pela Assembleia do Conselho da Europa.

O relatório cita os nomes de dirigentes da guerrilha kosovar, incluindo Hashim Thaçi, atual primeiro-ministro de Kosovo. O premier Thaçi e as autoridades albanesas desmentem as acusações.

Conteúdos relacionados