Suposta compra de voto em Três Lagoas pela candidata Márcia Moura pode ir a julgamento
Caso ocorrido em setembro tem recibo de pagamento de conta de luz, laranjas, fubá, pacotes de macarrão e leite, segundo denúncia
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Caso ocorrido em setembro tem recibo de pagamento de conta de luz, laranjas, fubá, pacotes de macarrão e leite, segundo denúncia
Segundo informações do presidente do PSB de Três Lagoas, Luiz Carlos Alonso, e em nome da Coligação ‘Frente Popular Três Lagoas Para Todos 2’ (PSB/PV/PP), a juíza Aline Beatriz de Oliveira Lacerda, da 51ª Zona Eleitoral, pode decidir hoje (dia 2) o destino da denúncia de compra de voto que envolve diretamente a candidata à prefeita pelo PMDB, Márcia Moura, e o candidato a vereador Dorival Ferracini.
Segundo informações online da mídia local, Eunice Nogueira, uma das líderes dos recicladores de lixo da cidade, procurou integrantes da coligação dizendo que foravítima da compra de voto no dia 2 de setembro. A partir do seu depoimento e da prova material (conta de luz), a coligação de Guerreiro entrou com representação na Justiça Eleitoral.
O fato teria ocorrido emcaminhada de propaganda da candidatura de Márcia Moura e vereadores no jardim Imperial. Eunice afirma ter sido procurada por cabos eleitorais para votar na prefeita, mas recusou-se, dizendo votar em Guerreiro “por não estar gostando da sua administração”.
Segundo o relato de Eunice, ainda no dia 2 pela manhã, a própria prefeita foi até a sua casa e perguntou como poderia lhe ajudar. A catadora disse que pediu para quitarem as contas de água e luz, que estavam para ser cortadas, e que precisava de alimentos por não ter nada para comer.
No dia seguinte, segundo a catadora, ela recebeu “um saco de laranjas, dois pacotes de fubá, dois pacotes de leite e três pacotes de macarrão” e mais duas cestas-básicas.
Mais tarde, uma das contas atrasadas levadas pelos assessores de Márcia Moura, segundo a recicladora, foi paga pelo candidato a vereador Dorival Ferracini, que quitou um débito de energia elétrica no valor de R$ 91, com o seu próprio cartão do Banco do Brasil.
O recibo de pagamento está anexado na representação, porque foi devolvido à catadora antes da denúncia que ela levou à coligação que apoia Guerreiro. A reportagem encontrou os recibos no site do Jornal Três Lagoas MS.
Além disso, há mais duas testemunhas: uma vizinha e o marido de Eunice.
Catadora denunciou ameaças à Policia Federal
Eunice relatou ainda, que depois de protocolada a representação contra a prefeita e o candidato a vereador, passou a sofrer perseguição e ameaça, e chegou a pedir proteção à Policia Federal. A catadora está em local desconhecido, segundo o presidente local do PSB.
Em depoimento em cartório, e depois na própria Polícia Federal, Eunice afirmou ter sido procurada por uma pessoa que se identificou como presidente do Partido PRB, acompanhado de outro homem, que lhe teria dito que não deveria apresentar denúncia contra a prefeita Márcia Moura porque “é perigoso envolver o nome da prefeita nesse tipo de acontecimento”, e que “não poderia jamais falar esse tipo de coisa da prefeita”.
Eunice acrescentou à denúncia que o mesmo veículo que trouxera os dois homens à casa dela teria passado a rondar o local, acompanhado de uma motocicleta, no mesmo dia. O fato teria ocorrido na frente do marido de Eunice.
Coligação de Márcia vê ‘politicagem’
Clayton Moraes, representante da coligação “Unidos Por Três Lagoas” afirmou em entrevista ao site Perfil News, no dia 9 de setembro, que “estão fazendo politicagem usando um problema social de uma família necessitada para atingir a candidata Márcia Moura. Isso é desespero”.
Segundo ele, a família de Eunice é cadastrada na secretaria de Assistência Social do Município e, portanto, recebe legalmente o benefício mesmo em período eleitoral.
Moraes ainda afirmou que o candidato a vereador pelo PRB, Dorival Ferracini, teria pagado uma conta de luz, mas que a prefeita nada tem a ver com isso: “Oras! O que a Márcia tem a ver com uma ação isolada de um candidato a vereador, nada”, afirmou.
Na mesma ocasião, o coordenador afirmou que o processo teria sido arquivado.
Caso do lixão vem desde 2009
O caso é recente, setembro passado, mas o enredo começou em 2009, quando a prefeitura desativou a reciclagem de materiais do lixão, feita por cerca de 27 catadores da cidade, por ordem da Promotoria do Meio Ambiente de Três Lagoas, em função dos “riscos à saúde”.
Algumas pessoas que trabalhavam mais de 15 anos no local não tem nenhuma formação profissional.
De lá para cá, os recicladores protestaram em praça pública e se reuniram com a ex-prefeita Simone Tebet, que propôs a criação de uma cooperativa de reciclagem, mas cujo recurso deveria vir do governo federal. Queriam voltar para o lixão em mãos da Financial, a empresa que recolhe o lixo da cidade, mas foram proibidos.
Sem trabalho e necessitados, os catadores desaparecem dos jornais até que o caso de compra de votos esquentou a vida política da cidade, mais uma vez.
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