Paulo Tadeu revela que discutiu ação de ex-cliente de Niutom Jr em seu escritório

Afirmando que gravação oculta é coisa de “mafioso”, o advogado diz ainda que indicou Tatiana Zalla para trabalhar com cliente dos dois advogados rivais

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Afirmando que gravação oculta é coisa de “mafioso”, o advogado diz ainda que indicou Tatiana Zalla para trabalhar com cliente dos dois advogados rivais

Representações na OAB/MS, boletim de ocorrência, inquérito policial, processos, troca de acusações pesadas e, pelo menos, três versões diferentes para o mesmo fato.

É nesse pé que estão as graves divergências entre os advogados Paulo Tadeu Haendchen, de um lado, e Sérgio Muritiba e Niutom Junior, de outro.

Entrevista gravada com o Paulo Tadeu, antes da divulgação da primeira reportagem sobre o assunto pelo Midiamax, revela novos detalhes e coloca mais lenha nessa fogueira, que não é de vaidades. As ações que colocaram em antagonismo os três advogados envolvem ricas famílias do MS e do MT.

Uma ação que opõem os três advogados envolve o fazendeiro Antônio Moraes, que tem uma dívida com Paulo Tadeu, que ele revela estar em torno de R$ 30 milhões. Moraes nega, e acusa o advogado de ter retido, indevidamente, R$ 3 milhões de um pagamento.

O advogado, descontente com o não acatamento da dívida milionária por parte de Moraes, redigiu em 29/12/2010 uma carta para a família dele sobre a questão, em termos que o dono de uma das maiores fortunas do MS não gostou. Moraes e sua esposa abriram contra processo na 5ª vara Civil de Campo Grande contra Paulo Tadeu, alegando calúnia e difamação. E também o representaram na OAB. Os advogados do casal são Muritiba e Niutom.

Eles também estavam em campos opostos numa ação de divórcio, que não prosseguiu. Paulo Tadeu atuando pelo marido, e Muritiba&Niutom pela esposa. O novo detalhe da entrevista de Paulo Tadeu é que o casal se reconciliou no escritório dele, pelo que se depreende da sua fala.

E aí surge a advogada Tatiana Zalla, indicada por Paulo Tadeu para trabalhar em causa trabalhista para a esposa que iria se divorciar – a ex-cliente dos advogados rivais.

Como a reportagem do Midiamax já mostrou, a queixa de Tatiana e sua nova cliente é que houve ofensa pessoal quando as duas foram retirar documentos da necessários à ação trabalhista no escritório de Niutom Junior.  Segundo elas, Niutom não se conformara com o fim da ação de divórcio.

Em função disso, e depois de reunião no escritório de Paulo Tadeu – revela a entrevista – a cliente e a advogada representaram Miutom na OAB e abriram um boletim de ocorrências, que se transformou em inquérito policial.

É nesse contexto que ocorreu a gravação de Niutom com Tatiana, na qual a advogada, sem saber que estava sendo gravada, fez graves comentários sobre Paulo Tadeu, como já demonstrou reportagem anterior.

Na gravação oculta, que Paulo Tadeu classifica como ato de “mafioso”, Tatiana chegou a afirmar:  “O que eu quero dizer é o seguinte: aonde você tiver erro, aonde você errar, aonde tiver pelo em ovo, ele vai te pegar. Eu vivo da advocacia, se perder a minha OAB, é como se fosse um tiro na boca, você entendeu”.

E mais adiante: “Eu tenho problemas que só ele pode resolver ou me f….de vez”.

Na entrevista, antes de conhecer o teor da gravação oculta, Paulo Tadeu negou que pudesse haver qualquer afirmação da advogada que envolvesse ética profissional.

“Eu lamento que um assunto desse, privado, que um sujeito chama essa advogada, coagiu ela, dizendo que uma pessoa que se chamava Josiane, do escritório dele, ia perder o lugar, coagiu ela a ir no Pizza Hut e foi lá e gravou a conversa com ela. Eu não sei o que tem na conversa, mas eu tenho absoluta certeza de que ela jamais ela iria falar alguma coisa ano sentido de alguma infração, seja de ordem Ética”, garantiu.

Paulo Tadeu ainda acusa Miutom de ter firmado um contrato de alto valor com a cliente que pretendia se separar por um alto valor, sem ter feito nada.

Não foi bem assim. Mas Tatiana afirmou que usou aqueles termos pela pressão de salvar a amiga o emprego de Josiane, também advogada, que trabalha com Miutom, e por indução.

Miutom, em nota ao Midiamax, disse que não houve indução. “Quem ligou, espontaneamente, para a Dra. Josi querendo me contar os verdadeiros motivos da representação contra minha pessoa na OAB foi a Dra. Tatiana, que aliás o fez sem que a Dra. Josi soubesse qual seria o assunto”. O advogado garante que a ligação foi gravada.

Confira a entrevista e o áudio de Paulo Tadeu e a resposta de Niutom Junior :    

Paulo Tadeu Haendchen

“O que o Dr. Niutom está dizendo, na verdade ele tá querendo se defender de uma omissão grave que ele teve, no tratamento de uma ação que ele foi contratado, com um valor, segundo consta no contrato, escrito, com a dona Norna Ewerling.

Ele foi contratado no dia 22 de novembro de 2011, tá aqui. Ele notificou o cliente meu, que era o marido da Dra. Norma, o seu Oto Ewerling.  A dona Norma também era cliente minha junto com ele, mas no momento em que brigou o casal, eu deixei de ser o advogado dela.

Eu entrei com a ação de divórcio contra a dona Norma, em nome do seu Oto Ewerling e eles não fizeram absolutamente nada, receberam 90 mil reais, tinha um contrato de 1,8% de um patrimônio que é muito grande.

Para surpresa dela, ela veio no meu escritório, ela se reconciliou com o marido. E como ele não tinha feito absolutamente nada, elas revogaram as procurações deles dia 5 de março de 2012. Tá aqui as revogação, via cartório.

Eles ficaram quase quatro meses sem tomar uma única medida contra o seu Oto Ewerling e ela se reconciliou com o marido, que é um direito que ela tem, um casamento de quase 50 anos, é uma pessoa simples, então ela resolveu revogar a procuração, e fazer uma composição amigável, voltar a reconciliar, então não houve divórcio.

Revogou a procuração, tá aqui a data, o seu Oto Ewerling estava em Sonora, ligou pra mim: “Dr. Paulo, tem um problema que ocorreu”. No dia 8, agora, sexta-feira, ele me ligou 9h e pouco da manhã. “Acontece que tem uma reclamação trabalhista na Justiça do Trabalho…e tem uma audiência…a 1h30 minutos  e o doutor Niutom se recusa a entregar os documentos para fazer a defesa. O que que eu faço”?

Falei, olha, e não posso te atender porque eu não posso, e como ele estava lá em Sonora, eu não posso assinar nada em favor dela, enquanto a gente não formalizar com o juiz a desistência, lógico.

“Dr. Paulo, então me indica alguém(Oto)”, uma causa de R$600,00, tá aqui ó.

Aí eu falei, poxa, vou pegar uma pessoa (Tatiana Zalla) que trabalha na área trabalhista, ela é especialista na área, ela inclusive tá fazendo mil e poucas audiências, cinco dias em Palmas, de sindicatos.

Pois bem, ela foi no escritório desse Niutom, como advogado constituída pela dona Norma, com a procuração pra esta audiência, ele se recusou a entregar os documentos.

Falou o seguinte: “Eu só entrego se a dona Norma vier aqui, vier ela buscar”. Como já era quase 11h e meia, e ela tinha que fazer a defesa, todos os recibos estavam com o Dr. Niutom, ela foi lá no edifício Comodoro, e trouxe a dona Norma e sentaram lá.

O que aconteceu lá? Falou (Niutom) pra dona Norma que ela era coisa de bandido, de mau-caráter, a mulher saiu chorando de lá, e a advogada desesperada porque ela tinha que fazer a defesa, uma e vinte era a audiência.

Quando terminou a audiência, a dona Norma veio ao meu escritório junto com a Dra. Tatiana e narrou o que ocorreu no escritório. 

A Tatiana disse para mim: “Dr. eu vou fazer um B.O. contra ele, boletim de ocorrência, porque eu fui humilhada, o colega advogado ele tinha que ter respeito por mim e vou representar eles na Ordem”.

Então a Dra. Tatiana tomou as providências, foi uma decisão pessoal dela, como advogada pessoal, que foi ofendida, e como advogada de dona Norma.

Mas por se tratar de uma representação, ela fez, evidentemente, a dona Norma é uma pessoa simplória, tanto, você consegue imaginar um cara ser contratado por quatro meses para entrar com um divórcio, fazer uma separação, não fazer nada e querer receber um milhão e trezentos? Isso é brincadeira.

E ele (Niutom) disse que ia executar ela. Eu não sei se ele executou, não sei, mas ela foi na policia e fez o BO, tá aqui, ó, ela fez, ela assinou.

A doutora Tatiana fez a representação pra ela dona Norma. Tá aqui a representação da Norma. E tá aqui a representação da Dra. Tatiana. E tá aqui, ó, procuradora da dona Norma. Ela é a advogada. Dia 8 de março. (mostrando os documentos). E tá aqui a audiência , pagou o  que, R$ 600,00, é uma doméstica(empregada).

Então você acha que eu…em primeiro lugar,  nem que fosse uma grande questão não podia pegar. A família, é um direto de se reconciliar. Eu sou advogado da dona Norma (?).

Segunda-feira fizemos o divórcio, desculpe, a reconciliação, foi homologado o acordo dia 12 mesmo, segunda-feira, olha aqui, manifestação do autor, essa é a manifestação que o seu Oto entrou, olha aqui, Oto Francisco Ewerling e Norma Ewerling.

Eu lamento que um assunto desse, privado, que um sujeito chama essa advogada, coagiu ela, dizendo que uma pessoa que se chamava Josiane, do escritório dele, ia perder o lugar, coagiu ela a ir no Pizza Hut e foi lá e gravou a conversa com ela.

Eu não sei o que tem na conversa, mas eu tenho absoluta certeza de que ela jamais ela iria falar alguma coisa ano sentido de alguma infração, seja de ordem Ética.

Um homem que fica gravando isso é coisa de mafioso. Eu tô dizendo e pode escrever, já que ele levou o assunto. Ele falou que é coisa de bandido revogar uma procuração.

Agora, você revogar uma procuração, um cara que recebeu R$ 90 mil e tinha um contrato do R$ 1,3 milhão, e não fazer nada?

Então ele tá desviando o foco da questão porque na OAB vai ser tomada uma providência. Existe a prova de pagamento, o contrato de honorários e existe a prova que ele não fez nada, a não ser essa notificação.

Portanto, ele tá desviando o foco, querendo dar uma de vítima. E se ele fala que uma pessoa que revogou uma procuração é bandida, imagine quem tá gravando uma coisa sem ciência das outras pessoas. E coagindo, induzindo, querendo dizer “O Dr. Paulo tá por trás…”

Escuta, vamos admitir o seguinte, que eu falei faça uma representação, o que tem de errado nisso? Tem errado alguma coisa? Ora, o cara te ofendeu, toma as providências devidas. Isso qualquer advogado faria. Ainda mais com uma senhora de idade, que ficou super abalada, tanto é verdade que ela ligou para o marido dela, e o seu Oto falou “você vai lá na Polícia e registra um B.O.”

Então não tem nada escondido, taí o B.O., ele vai responder por isso.

A resposta de Niutom sobre as acusações

“Sobre a suposta ameaça de demissão a Dra. Josiene, relatada pela Dra. Tatiana Zalla depois da repercussão do caso, afirmando que teria sido usada por mim como “coação” para que comparecesse ao local da gravação, temos provas suficientes que demonstram não ser essa a verdade:

1 – Quem ligou, espontaneamente, para a Dra. Josi querendo me contar os verdadeiros motivos da representação contra minha pessoa na OAB foi a Dra. Tatiana, que aliás o fez sem que a Dra. Josi soubesse qual seria o assunto (temos a gravação da ligação telefônica realizada).

2- A Dra. Tatiana me contou, primeiramente, tudo no meu escritório quando lá esteve, por volta da 18 horas com seu filho, espontaneamente (tenho filmado tudo em meu circuito de tv do escritório).

A questão que envolve o contrato com a Sra. Norma Ewerling, ao contrário do alegado, não era de R$ 1.3 milhão, aliás, valor nunca cobrado.

A dona Norma sempre teve as suas filhas ao seu lado, tanto nas reuniões para acerto dos honorários, e em todos os diversos e constantes contatos que tivemos. As filhas, inclusive, assinaram o contrato, o que demonstra que é inverdade termos enganado a cliente quanto ao valor que envolvido, haja visto serem as filhas que tomavam conta dos negócios em Sonora, portanto, capacitadas suficientemente entender o contrato.

Recebemos R$ 90.000,00 em dezembro, que seria relativo à entrada, para que pudéssemos fazer todo o levantamento documental, análise dos créditos, débitos, notificações dos arrendatários dos vários imóveis rurais que formam o patrimônio do casal, esforços para obtenção de inscrição estadual em nome da contratante para que pudesse gerir os negócios da fazenda em Sonora, análise de contrato de venda de soja em dezembro, entre outros necessários para a propositura da ação de divórcio.

Aparentemente simples, a ação dependia de uma análise detida para que não houvesse erro, como o fez Dr. Paulo, que na ansiedade de propor a medida o fez de forma errada, sendo alvo de despacho que determinou ao mesmo a correção do rito adotado.

Realizamos no mês de dezembro, janeiro e fevereiro várias reuniões não só com a cliente mas com as suas filhas. Ou seja, estávamos em pleno e intenso trabalho em prol de nossa constituinte.

Mais ainda, assumimos todos os processos que estavam andando em nome da dona Norma, já que Paulo Tadeu renunciou aos seus poderes para advogar tão somente para Otto, marido da Norma.

Além do valor pago, haviam mais três parcelas de R$ 70.000,00 no decorrer de 2012 e, ao final, com a divisão do patrimônio do casal, seria ainda pago 1,8% da parte que coubesse para dona Norma. Tão somente ao final do divórcio.

Valendo lembrar que os valores contratados, apesar de consideráveis, se referiam  a um patrimônio muito grande, e devidamente enquadrado na tabela de honorários da OAB.”

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