A ONU lançou neste domingo na conferência Rio+20 um novo índice mundial para medir a riqueza das nações, que soma o capital econômico, natural e humano, e mostra que a imensa maioria dos países vivem acima de seus meios ambientais.

O Índice de Enriquecimento Inclusivo (IWI por suas siglas em inglês) é uma espécie de PIB verde destinado a refletir melhor a riqueza real dos países e sua capacidade futura de crescimento, ao levar em consideração a disponibilidade de recursos naturais e educação de suas populações, entre outros fatores.

Por quanto tempo pode crescer um país se avançar apenas economicamente e perder seus recursos naturais, ou não investir o suficiente em sua sociedade?, perguntam seus criadores.

O novo indicador apresentado pela ONU atende ao objetivo número um da conferência sobre desenvolvimento sustentável: obter um acordo mundial para uma transição em direção a uma “economia verde” que preserve os recursos naturais e erradique a pobreza.

“A Rio+20 é uma oportunidade para abandonar o PIB como medida de prosperidade no século XXI”, segundo o diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner.

A ONU apresentou um primeiro panorama nada animador do IWI mundial em 2012, para 20 países, que inclui as maiores economias emergentes e industrializadas e países em desenvolvimentos, durante um período que vai de 1990 a 2008.

Das 20 nações contempladas, 19 mostraram um forte esgotamento dos recursos naturais, sobretudo as potências emergentes e a maior economia do mundo, os Estados Unidos. Só o Japão se salvou, sendo o único que registrou avanços em seus recursos naturais.

No período estudado, o PIB do Brasil cresceu 34%, mas seu capital natural retrocedeu 25%.

A China, economia que mais cresce no mundo, avançou 422% em seu PIB, mas seu capital natural caiu 17%.

E os Estados Unidos, com um aumento de 37% do PIB nesses anos, viu cair em 20% o seu capital natural.

Levando-se em consideração os três aspectos –PIB, capital natural e humano– dos 20 países contemplados no estudo, 14 registraram um índice de riqueza inclusivo per capita (IWI) positivo, embora só a China tenha crescido mais de 2%.

Chile, França e Alemanha registraram um crescimento inclusivo acima de 1% e o restante, Índia, Japão, Grã-Bretanha, Noruega, Estados Unidos, Canadá, Equador, Austrália e Quênia, apenas entre 0,1% e 1%.

Em seis países  –Colômbia, Nigéria, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul e Venezuela– o crescimento do IWI foi negativo, apesar de todos terem registrado crescimento econômico positivo.