OAB-RJ: crítica do PSDB a advogado de Cachoeira é ‘repulsiva’
O presidente da OAB do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous, considerou “repulsiva” a crítica feita pelo presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), ao advogado Márcio Thomaz Bastos após ele ter aceito a defesa judicial do contraventor Carlos Cachoeira. “Márcio Thomaz Bastos não é mais ministro da Justiça, cargo que deixou há mais […]
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O presidente da OAB do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous, considerou “repulsiva” a crítica feita pelo presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), ao advogado Márcio Thomaz Bastos após ele ter aceito a defesa judicial do contraventor Carlos Cachoeira.
“Márcio Thomaz Bastos não é mais ministro da Justiça, cargo que deixou há mais de cinco anos, e, por isso, não tem qualquer impedimento ético ou legal para patrocinar a defesa de Cachoeira ou de quem quer que seja”, afirmou.
Damous acrescentou que a alusão de que o advogado teria aceito a causa por força de determinada manobra política constitui, acima de tudo, um desrespeito à figura de um profissional correto.
Ex-presidente do Conselho Federal da OAB, Márcio Thomaz Bastos é considerado por seus pares e pela magistratura um dos grandes criminalistas do País. “Logo, é absolutamente normal que seja lembrado para atuar num caso rumoroso como o de Cachoeira”, disse Damous.
O presidente da OAB-RJ afirmou ainda que esse tipo de crítica não é a melhor maneira de se fazer oposição. “Além disso, o parlamentaer demonstra um profundo desconhecimento da advocacia e do que é ser advogado”, concluiu Wadih Damous.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
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