Nascimento culpa Cachoeira e ‘Veja’ por sua saída dos Transportes

O ex-ministro dos Transportes e senador Alfredo Nascimento (PR-AM), disse neste sábado que o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi o responsável por sua saída do Ministério dos Transportes em julho de 2011. Em entrevista ao programa Nossos Encontros, da TV A Crítica, o parlamentar afirmou que o contraventor interferiu na reportagem da revista Veja que denunciou […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O ex-ministro dos Transportes e senador Alfredo Nascimento (PR-AM), disse neste sábado que o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi o responsável por sua saída do Ministério dos Transportes em julho de 2011. Em entrevista ao programa Nossos Encontros, da TV A Crítica, o parlamentar afirmou que o contraventor interferiu na reportagem da revista Veja que denunciou esquemas de corrupção e fraude no ministério, à época comandado pelo senador. “Quem montou tudo foi o Cachoeira, através da revista Veja. Tem mais de 200 ligações do Cachoeira com a Veja montando a pauta da revista. Discutindo capa, inclusive”, disse Nascimento. “A Polícia Federal, quando estava fazendo uma investigação desse tal Cachoeira, identificou gravações em relação a mim. Eles (o grupo de Cachoeira) montando um esquema para me derrubarem do ministério porque eu estava contrariando os interesses deles”, afirmou.

Nascimento disse também que não foi demitido pela presidente Dilma Rousseff. “Eu pedi demissão”, afirmou o senador. “Ela (Dilma) disse para mim o seguinte: Alfredo, eu te conheço, eu sei que você só trata de assuntos republicanos, você tem que ficar para conduzir essa apuração. Mas com essa apuração, afastariam todo mundo e, se eles não tivessem culpa, voltariam. E eu disse: então eu quero sair também. Porque as acusações não eram contra mim, eram contra as pessoas que trabalhavam comigo.

Ela disse: não, você tem que ficar”, disse Nascimento. Ele também afirmou que pediu ao procurador-geral da República que o investigasse. “Assinei um documento pedindo pra ser investigado, abri meu sigilo fiscal, bancário e telefônico. Eu estou sendo investigado, eu depus na Polícia Federal. E tenho certeza que isso vai sair da PF dizendo assim: o Alfredo está limpo nisso. Eu sei o que fiz e o que não fiz”, disse o parlamentar.

A crise no Ministério dos Transportes

Uma reportagem da revista Veja do início de julho afirmou que integrantes do Partido da República haviam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes. O negócio renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo.

O PR emitiu nota negando a participação no suposto esquema e prometendo ingressar com uma medida judicial contra a revista. Nascimento, que também negou as denúncias de conivência com as irregularidades, abriu uma sindicância interna no ministério e pediu que a Controladoria-Geral da República (CGU) fizesse uma auditoria nos contratos em questão. Assim, a CGU iniciou “um trabalho de análise aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e execução de obras que deram origem às denúncias”.

Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos de um filho do ministro. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho, seu pedido de demissão à presidente. Em seu lugar, assumiu Paulo Sérgio Passos, que era secretário-executivo da pasta e havia sido ministro interino em 2010.

Além de Nascimento, outros integrantes da pasta foram afastados ou demitidos, entre eles o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Caron – único indicado pelo PT na direção do órgão -, o diretor-executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá, o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves, e assessores de Nascimento.

Conteúdos relacionados