Jornalistas mortos em colisão são enterrados no RS

Centenas de pessoas lotaram neste sábado o Salão Nobre e a capela do cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre (RS), para o sepultamento de Enildo Paulo Pereira, o Paulão, 59 anos, e Ezequiel Barbosa, 27 anos. Os dois eram profissionais do Grupo Bandeirantes e morreram na manhã da última sexta-feira, após o veículo da […]

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Centenas de pessoas lotaram neste sábado o Salão Nobre e a capela do cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre (RS), para o sepultamento de Enildo Paulo Pereira, o Paulão, 59 anos, e Ezequiel Barbosa, 27 anos. Os dois eram profissionais do Grupo Bandeirantes e morreram na manhã da última sexta-feira, após o veículo da empresa ser atingido por um caminhão na ERS-122, na Serra Gaúcha. Eles iam cobrir uma ação policial.

O diretor da Band no Estado, Leonardo Meneghetti, disse que o jornalismo gaúcho perde dois talentos e duas pessoas muito queridas. “O momento é de consternação. Perdemos dois grandes profissionais, estamos de luto. Temos que refletir, eram dois talentos e pessoas queridas, que nos deixaram muitos ensinamentos”, afirmou Meneghetti.

O corpo de Paulão foi acompanhado por um cortejo de familiares, amigos e policiais, que renderam homenagem ao profissional, que apresentava o programa Polícia em Ação, na Band, desde 2011. Frases características do apresentador eram lembradas durante o trajeto, como a famosa “mentiu pro tio, contou pro vô, a casa caiu e a cobra fumou”.

Os PMs, presentes em grande número no enterro, destacaram a importância de Paulão ao trabalho policial e criticaram o fato de o condutor do caminhão, João José de Araújo, 44 anos, ter obtido habeas-corpus e estar em liberdade. Ele foi preso após prestar depoimento à polícia, mas acabou liberado do presídio industrial de Caxias do Sul na manhã de hoje.

O delegado Rodrigo Garcia relatou ao Terra que foram encontradas, junto ao condutor, duas cápsulas do remédio conhecido como rebite. Ele disse ainda que a confissão se deu a policiais rodoviários que atenderam a ocorrência. Os jornalistas seguiam em um comboio que partiu do Departamento de Investigações Criminais (Deic), em Porto Alegre, para acompanhar o cumprimento de mandados de prisão contra suspeitos de ataques a banco.

No km 47 da ERS-122, em um trecho conhecido como “curva da morte”, o caminhão guiado por João José e carregado de laranjas invadiu a pista contrária e atingiu cinco viaturas e três carros de veículos de imprensa. No local, não há acostamento e um pardal foi desativado em 2010. “Ele desceu (a rodovia) muito acelerado. Um pouco antes da curva, ele fez uma ultrapassagem. E aí aconteceu tudo isso”, lamentou o delegado Garcia.

Momentos de pavor

O delegado Guilherme Vondracek, do Deic, estava em uma viatura que seguia atrás do carro da Band. Ele conta que escapou da morte. “Nos deparamos com o caminhão já saindo da estrada, os carros acidentados e aquela enxurrada de laranjas. Estacionamos e fomos até o veículo em que estavam Paulo e Ezequiel e vimos que eles estavam mal. Foram momentos de pavor”, disse. Outras cinco pessoas ficaram feridas no acidente.

A operação

O comboio da Polícia Civil seguia para as cidades de Caxias do Sul e Farroupilha para desencadear uma operação contra roubos a bancos e caixas eletrônicos. A ação pretendia cumprir, ao todo, 45 mandados – 27 de busca e apreensão e 18 de prisão.

Cerca de 150 policiais haviam sido escalados para ação mas, no entanto, só parte da equipe, que saiu mais cedo, conseguiu chegar ao destino. Doze viaturas da polícia, que vinham atrás dos veículos envolvidos na colisão, ficaram impossibilitadas de passar. Segundo o delegado Rodrigo Garcia, seis pessoas foram presas, entre elas o líder da quadrilha e seu braço direito.

“Aquelas pessoas que não se envolveram acabaram cumprindo os mandados. A gente ficou envolvido com a tragédia, atendendo as pessoas. Mais ou menos um terço do comboio, que seguia para a operação, foi atingido. O pessoal que estava na frente conseguiu seguir adiante”, disse o delegado.

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