“De Pernas pro Ar 2” quer superar marca dos 3,6 milhões de espectadores

Em todo o mundo, as bilheterias são dominadas por um Clube do Bolinha integrado por heróis de ação ou comediantes em geral sexistas – a exceção talvez esteja no Brasil, e hoje mais do que nunca. Estreia, em mais de 700 salas, a comédia que é encarada como a mais séria candidata ao título de […]

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Em todo o mundo, as bilheterias são dominadas por um Clube do Bolinha integrado por heróis de ação ou comediantes em geral sexistas – a exceção talvez esteja no Brasil, e hoje mais do que nunca. Estreia, em mais de 700 salas, a comédia que é encarada como a mais séria candidata ao título de blockbuster do ano. Ingrid Guimarães levou mais de 3,6 milhões de espectadores aos cinemas em 2011 para ver “De Pernas pro Ar”.

 O segundo entra em cartaz nesta sexta-feira, a última do ano, e os dados só poderão ser contabilizados em 2013, mas a aposta é grande. Miss comédia, senhora da bilheteria. A atriz de 40 anos tenta manter a calma, mas a agitação é grande ao redor.

Não se mexe em time que está ganhando e “De Pernas pro Ar 2” volta com a mesma equipe – o diretor Roberto Santucci, a produtora Marisa Leão, os atores Bruno Garcia, Maria Paula e Denise Weinberg servindo de escada para Ingrid, de novo como dona da festa (ou da história). De Pernas 2 ganha até um reforço – Eriberto Leão, que traz sua estampa de galã para um triângulo que nunca se concretiza, embora renda algumas cenas dúbias e certo mal-entendido (entre Ingrid e Maria Paula).

Se o tema do primeiro filme era a descoberta do orgasmo, a piada ficou no passado. Um polvo substitui o coelho como brinquedinho erótico nas sex shops de ?Alice? e ?Marcela?, e o negócio agora também se expande para o exterior – para Nova York. Mas o tom é familiar. Santucci já havia feito esta aposta em Até Que a Sorte nos Separe, e a comédia com Leandro Hassum ficou no reduzido grupo de filmes brasileiros que, neste ano de bilheterias magras, superaram a marca de 1 milhão de espectadores, chegando a 2 e 3 milhões.

Neste clube, Ingrid é a campeã. Ela conta como virou heroína, não das donas de casa, mas de seus maridos. “É impressionante como os homens me identificam, na rua, conversam comigo e falam pras mulheres que deveriam ser como a Alice.” Nos anos 1960, uma certa Leila Diniz iniciou uma revolução comportamental no País. A persona de Ingrid Guimarães – e sua Alice – não deixam de ser crias de Leila. Esse sucesso não é repentino.

Ingrid tem anos de estrada. “Quando comecei no humor, mulher não tinha opção – era a gostosona ou a feia inteligente. Isso está mudando.” Já mudou, e a prova é a sua popularidade. “Sou reconhecida na rua por um filme, De Pernas pro Ar, e uma peça, Razões para Ser Bonita, não por novela.” O que pode ocorrer é de a popularidade aumentar mais ainda, porque Ingrid, em 2013, vai somar ao cinema e ao teatro também a novela – com um papel em Sangue Bom, que Maria Adelaide Amaral escreve para o horário das 7, na Globo.

 Bruno Garcia, que faz seu marido em De Pernas pro Ar (1 e 2), também estará no elenco. Bruno é ótimo, ou você acha que é fácil servir de escada para que Ingrid brilhe em De Pernas 2? O filme é dela, daí a responsa de encarar o desafio de dar continuidade a um grande sucesso. Ninguém queria repetir a fórmula – nem Ingrid nem Marisa (Leão) e muito menos o diretor Santucci. “Não quero fazer uma coisa só a vida inteira porque deu certo”, diz a atriz.

Ela é mulher de aceitar desafios e, por isso, em busca de textos mais sérios, fez a peça de Neil Labute, que lhe valeu unânimes elogios da crítica. Razões para Ser Bonita pode nem repetir o fenômeno Cócegas, o duo de Ingrid com Heloisa Périssé que levou 5 milhões de espectadores aos teatros do Brasil durante 11 anos. Heloisa – a Mona Lisa de Avenida Brasil -, aliás, também estrela outra comédia de Roberto Santucci, com lançamento previsto para meados do ano que vem, Dia dos Namorados.

Ele se arrisca, desse jeito, a virar o Midas do cinema brasileiro. Ingrid, Santucci e seus companheiros de aventuras cinematográficas querem se divertir, não ficar reféns de uma busca incessante. O sucesso deve ser consequência, não meta. Em “De Pernas 2”, Alice, obcecada pelo trabalho, vai parar num spa, disputando a tapa um telefone para dar continuidade aos negócios. Ao orgasmo do primeiro filme, sucede a busca da harmonia familiar.

 Mas, como uma mulher de negócios não desiste facilmente de suas metas, Alice vai tentar equilibrar as coisas e, no final do filme, fica aberta a possibilidade de De Pernas 3, com uma nova sex shop em Paris (Ingrid preferiria que fosse no Japão). No 1, o desafio era encontrar os personagens, no 2 é dar sequência à trama, garante o diretor. Ingrid ressalta o lado comédia romântica, sem deixar de desenvolver a obsessão workaholic de Alice, plantada no primeiro filme.

“Na coletiva do filme, teve gente que citou o Sex and the City e me comparou à personagem de Sarah Jessica Parker. Embora não tenha sido intencional, para mim foi uma honra, porque a série representa minha geração. Foi a primeira a falar daquele jeito sobre sexo.” O assunto não a inibe, mas o que ela sempre tenta evitar é a grosseria. “Posso até rir, como todo mundo, mas detesto grossura.” Quando começou, Monique Evans era a gostosona nos programas de TV. Muitos modelos de erotismo passaram e hoje, independentemente das razões para ser bonita – que satiriza na peça de Neil Labute -, Ingrid estabelece um novo padrão. O ano promete e ela só vai precisar acertar a agenda para estrelar o próximo filme de José Eduardo Belmonte

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