Começa o I Simpósio na Terra Indígena Arroi-Corá, em Paranhos
Começa nesta quinta-feira (20) o I Simpósio de Pós-Graduandos, Pesquisadores, Lideranças Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul, na Terra Indígena (TI) Arroio-Corá, em Paranhos (MS), fronteira com o Paraguai. O simpósio é organizado por membros da Aty Guasu (grande assembleia do povo Guarani Kaiowá), com o objetivo de relatar as violências praticadas contra […]
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Começa nesta quinta-feira (20) o I Simpósio de Pós-Graduandos, Pesquisadores, Lideranças Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul, na Terra Indígena (TI) Arroio-Corá, em Paranhos (MS), fronteira com o Paraguai.
O simpósio é organizado por membros da Aty Guasu (grande assembleia do povo Guarani Kaiowá), com o objetivo de relatar as violências praticadas contra os indígenas nos processos de reocupação e recuperação de seus territórios tradicionais (tekoha guasu).
Essas experiências serão apresentadas a pós-graduandos e pesquisadores por antigas lideranças Guarani Kaiowá, em relatos que dão conta das violências sofridas desde década de 1960. Para inscrever-se no evento, que termina amanhã, os participantes precisam doar R$ 40,00 ou 10 kg de alimentos, que serão destinados às comunidades Guarani Kaiowá de territórios em conflito.
O evento acontece na TI Arroio-Kora, que teve parte de sua área retomada por um grupo de cerca de 400 indígenas em 10/8. No mesmo dia, a comunidade foi atacada por pistoleiros. Uma criança de dois anos foi morta e um homem está desaparecido. Depois disso, a comunidade tem sido objeto de ataques e ameaças de pistoleiros.
A TI teve seu decreto de homologação publicado em 2009, mas ele está suspenso pela Justiça, desde essa época, por uma liminar obtida por fazendeiros que reivindicam 184 hectares do total demarcado (7,1 mil hectares).
Na página do Facebook, organizada por membros do Aty Guasu, há a descrição da abertura do evento.
“A abertura de 1º Simpósio de Pós-Graduados e lideranças de Aty Guasu em território Arroio Kora será após uma noite consecutiva de ritual religioso protetivo jeroky mongarai guarani e kaiowá. O desenvolvimento deste ritual religioso milenar do Guarani e Kaiowá está sendo coordenado por um conjunto de líderes religiosos ñaderu e juntamente com os neófitos.
Um dos rezadores ñanderu explica que, de acordo com a crença Guarani e Kaiowá, este ritual religioso jeroky mongarai é para mantê-los em contato com os seres/almas invisíveis protetores de Guarani e Kaiowá que se encontram no Universo de Cosmo Guarani e Kaiowá. Disse, “vamos evocar e envolver esses parentes-seres protetores ancestrais para intervir nas variadas violências praticadas contra a nossa vida indígena na terra”.
Assim, rezadores garantiram que os espíritos maléficos se afastarão do local e somente as pessoas boas e gente de bem intencionada chegarão ao 1º Simpósio. Nesse sentido, vamos recepcionar religiosamente tais pessoas boas evocadas e permitidas pelos poderes dos espíritos ancestrais que chegarão ao Arroio Kora.
Neste 1º Simpósio já confirmaram as presenças de várias lideranças idosas com a idade de 80 e 90 anos para narrar as suas trajetórias de vida que viram e acompanharam de perto a chegada dos “ karai brancos” nos amplos territórios sul de atual MS, explicitando a expropriação e expulsão de seus territórios tradicionais tekoha guasu. Além disso, serão narrados pelos idosos (as) os tipos de violências utilizadas historicamente, isto é, táticas e ações violentas aplicadas pelos “karai brancos” contra Guarani e Kaiowá para que os abandonassem os seus territórios antigos tekoha guasu’.
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