Clima de incerteza marca Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas

A insegurança em torno dos resultados da 18ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP18) marcou o início da semana definitiva do encontro que ocorre em Doha, capital do Catar, desde o último dia 26. Ontem (3), ministros e autoridades de quase 200 países começaram a chegar à cidade para concluir as negociações, até […]

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A insegurança em torno dos resultados da 18ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP18) marcou o início da semana definitiva do encontro que ocorre em Doha, capital do Catar, desde o último dia 26. Ontem (3), ministros e autoridades de quase 200 países começaram a chegar à cidade para concluir as negociações, até então travadas por técnicos e especialistas que tentaram estipular os compromissos que cada nação terá de assumir para reduzir os impactos provocados pelo aquecimento global.

Segundo observadores que acompanham os debates desde o primeiro dia, o clima de incerteza toma conta dos corredores da conferência. A expectativa inicial em relação à COP18 já era tímida antes mesmo de as nações iniciarem as conversas. O maior resultado esperado é a definição de um segundo período de compromissos do Protocolo de Quioto. Para alcançar esse acordo, países desenvolvidos terão que definir metas obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), que têm que ser alcançadas a partir de janeiro de 2013. Esses compromissos dariam sequência ao atual tratado, que tem validade até 31 de dezembro deste ano.

“Diferentemente das últimas conferências, que começaram com tarefas bem complicadas, esta não tem uma tarefa tão difícil. Os negociadores só precisam fechar o segundo período de Quioto e começar os trabalhos para depois de 2020 (Plataforma Durban). Mas há certas delegações complicando esse processo”, explicou Fernando Malta, coordenador da Câmara Temática de Clima do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).

Além de buscar soluções para impasses como as emissões excedentes de GEE por países do Leste Europeu que, por conta da recessão econômica, reduziram suas produções e emitiram menos do que poderiam nos anos anteriores, os negociadores terão de buscar consenso sobre o prazo de validade das novas metas. “O problema atual está na indefinição do tempo para ratificação do segundo período. Alguns países não querem definir limites, enquanto os países em desenvolvimento exigem que haja um prazo curto para ratificação”, explicou Malta.

Para representantes do governo brasileiro, a adoção formal do segundo período de compromisso de Quioto é um dos objetivos fundamentais do encontro em Doha e base essencial para as aspirações do regime internacional de mudanças climáticas. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que já está no Catar, destacou que os negociadores brasileiros vão buscar esse resultado. Mas o Brasil também fará pressão por avanços nos debates sobre a Plataforma Durban. Conhecida como acordo global, a ação foi acertada por todos os países no ano passado e prevê que tanto as economias desenvolvidas quanto as de países em desenvolvimento tenham compromissos obrigatórios com a redução das emissões a partir de 2020.

“As delegações estão fechando agora um cronograma de trabalho que começa no início de 2013. As discussões têm se dividido em ações mais práticas e na conceituação. Por ora, o que se tem é que em Bonn [Alemanha], no meio do ano que vem, provavelmente teremos uma série de papers (informes) nacionais sobre como aumentar a ambição do texto para o pós-Quioto”, acrescentou Malta.

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