O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, continua nesta sexta-feira sua recuperação em Cuba enquanto dá instruções a seus ministros em mensagens transmitidas pela televisão, ao mesmo tempo em que o país aguarda novidades sobre a previsão que apresenta sua doença.

O convalescente presidente voltou a recorrer ao telefone para ligar para um de seus ministros em plena transmissão televisiva, enquanto membros de seu gabinete e do governante Partido Socialista Unido (PSUV) reiteravam durante o dia em diversos atos a mensagem que Chávez está se recuperando.

Chávez completou nesta sexta uma semana em Havana, onde na segunda-feira foi submetido a uma cirurgia para extrair uma lesão pélvica e o “tecido circundante”, mas da qual não foram dados mais detalhes.

“Vou caminhar, que estou caminhando duro já”, declarou Chávez durante a conversa, na qual reiterou, como já tinha indicado na quinta-feira, que continua “aceleradamente” com sua recuperação, processo que, comentou, não pode desatender “um minuto”.

Chávez se limitou a assinalar a respeito que segue uma dieta e que já ingere alimentos, afirmando que hoje tinha almoçado um bife com arroz e suco de mamão.

Animado com os trabalhadores da Siderúrgica del Turbio (Sidetur), cuja entrega a eles acontece estes dias após ser nacionalizada no ano passado, o governante venezuelano agradeceu “tantos apoios” e disse que está “começando a levantar voo de novo”.

“Estarei com vocês todos os dias, meses e anos que me restam de vida levantando a pátria do futuro, a pátria de nossos filhos, a pátria livre, soberana, independente e socialista que sonhou (o Libertador Simón) Bolívar”, acrescentou.

No que Chávez não poupou em detalhes foi nas instruções que deu a seu ministro da Indústria, Ricardo Menéndez, a quem ordenou avançar em um projeto florestal com participação de uma empresa chilena.

Chávez continua exercendo suas funções, dado que não delegou seu cargo antes de partir para Havana, como solicitou a oposição na sessão na qual a Assembleia Nacional, de maioria chavista, o autorizou a se ausentar do país.

Este foi o segundo contato por telefone que Chávez mantém com o canal “VTV” em 24 horas e já desde quarta-feira apareceram mensagens em sua conta no Twitter.

Durante o dia, o ministro das Finanças, Jorge Giordani; o de Petróleo e Mineração, Rafael Ramírez; e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, lideraram atos em diversos pontos do país nos quais insistiram nas boas notícias que chegavam de Havana e comentaram que Chávez “em breve” estará de volta.

“O presidente Chávez está ativo, melhorando sua saúde e em breve estará entre nós”, disse em entrevista coletiva Giordani, sem dar mais detalhes.

Por sua vez, Cabello, em um ato grande com seguidores chavistas no estado ocidental de Yaracuy, criticou quem buscava “manipular a opinião pública” querendo fazer ver “ao povo da Venezuela e aos povos do mundo que o comandante está muito mal”.

“Chávez passou a operação e o teremos na rua governando com seu povo”, gritou Cabello, ao assegurar que a oposição tem laboratórios de guerra suja e os seguidores do governante devem estar “armados de paciência e de coragem para não escutar rumores nem intrigas deles”.

Também o ministro de Comunicação, Andrés Izarra, avaliou como “intrigas” as mensagens da empresa de segurança Stratfor Global Intelligence publicados pelo Wikileaks, em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal “El Nacional”.

Izarra qualificou de “terrível” e “pura intriga” o que dizem esses relatórios e assegurou que Chávez pode exercer plenamente o poder.

Enquanto o líder continua com sua convalescença, a oposição guarda silêncio e evita se referir ao tema.

O líder opositor, Henrique Capriles, realizou uma atividade com seus seguidores no estado oriental de Anzoátegui, mas sem mencionar a situação de saúde do presidente.