Cega dispensa aposentadoria para seguir carreira de psicóloga
Para disputar uma vaga no mercado de trabalho é preciso estar preparado. Com a concorrência acirrada, o candidato a um emprego deve ter qualificação, ainda assim, vários são os fatores que são determinantes na hora de ser contratado, como a força de vontade, interesse e dedicação. No Dia do Cego, comemorado nesta quinta-feira (13), o […]
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Para disputar uma vaga no mercado de trabalho é preciso estar preparado. Com a concorrência acirrada, o candidato a um emprego deve ter qualificação, ainda assim, vários são os fatores que são determinantes na hora de ser contratado, como a força de vontade, interesse e dedicação. No Dia do Cego, comemorado nesta quinta-feira (13), o Dourados Agora vai contar um pouco a história de Valderes Rocha Nogueira, de 40 anos, que se formou em psicologia e se destaca no mercado de trabalho.
Por lei, toda pessoa cega pode requerer aposentadoria por invalidez. Até 2010 Valderes tinha o benefício, mas decidiu abrir mão para trabalhar como psicóloga. Há dois anos e meio ela é revisora de materiais escolares no Núcleo de Apoio Pedagógico de Produção em Braile, em Dourados, sendo funcionária contatada pela Secretaria de Educação do Estado.
Todas as manhãs Ziza, como é chamada, corrige materiais em braile produzidos pelos professores. Já na parte da tarde ela é voluntária do projeto Pró-Vida, da igreja Católica, que oferece assistência a famílias necessitadas.
Valderes faz atendimento psicológico, trabalho que também desenvolve, uma vez na semana, em um consultório particular, dividindo a clínica com uma colega de faculdade. “Não tenho o que reclamar da vida. Sei que cada pessoa tem os seus desafios, problemas e dificuldades, mas se cada um de nós buscarmos os sonhos e se dedicarmos a ele, com certeza conquistaremos bons frutos”, disse Ziza, que durante cinco anos enfrentou os bancos da faculdade para cursar Psicologia, profissão que sempre admirou.
Mesmo enfrentando desafios, Ziza nunca pensou em desistir. Como a deficiência lhe impõe limites, ela busca alternativas para levar uma vida normal, sem depender de familiares. Para ir ao trabalho ela vai de Van e na volta utiliza o serviço de mototáxi. “Somente quando saio na rua, no centro da cidade, é que eu preciso de um guia, no caso a minha irmã”, diz a psicóloga.
No trabalho e em casa ela se locomove com o auxílio da bengala. Como a aprendizagem não tem limites, tempo e nem idade para começar, Ziza quer falar e ler em inglês. “Esse também era outro sonho meu e graças a Deus já estou realizando, pois estou fazendo curso”, conta ela, orgulhosa a cada dia ao vencer barreiras, desafios e preconceitos.
A segurança de enfrentar o mundo veio com força depois que ela se formou em psicologia, oportunidade que, segundo ela, permitiu abrir várias portas para o mercado de trabalho. “Tenho amigos cegos que não conseguiram emprego. Sei que ainda não é fácil diante os grandes desafios, mas aos poucos estamos conquistando mais espaços”, disse Ziza.
Um dos elementos determinantes que reduz a capacidade de inserção de pessoas com deficiência no mundo do trabalho é o fato da pessoa aposentada por invalidez não poder trabalhar sob pena de ter cancelado o benefício.
Essa proibição legal coloca a pessoa na difícil situação de ter que optar entre a “segurança” do recebimento mensal de uma aposentadoria, que é baixa e não atende todas as suas necessidades e a insegurança de um emprego instável.
O problema é que abrindo mão da aposentadoria e voltando à ativa, a pessoa com deficiência corre o risco de ser demitida, como qualquer outro trabalhador. Entre o seguro e o incerto, muitos cegos acabam optando pela aposentadoria e deixam de seguir uma carreira profissional.
E foi pela escolha de enfrentar os desafios que o mundo impõe a um cego que a psicóloga Ziza hoje está realizada no mercado de trabalho, sendo uma profissional de destaque em tudo o que ela faz.
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