Brasil terá torre para monitorar navios

Com o crescimento de cruzeiros no Brasil, um novo sistema para monitoramento de navios na costa brasileira deve ser criado e começar a funcionar já na próxima temporada de cruzeiros, entre o fim deste ano e o começo de 2013. O projeto vai permitir uma integração entre os órgãos que atuam nesse ramo, como o […]

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Com o crescimento de cruzeiros no Brasil, um novo sistema para monitoramento de navios na costa brasileira deve ser criado e começar a funcionar já na próxima temporada de cruzeiros, entre o fim deste ano e o começo de 2013. O projeto vai permitir uma integração entre os órgãos que atuam nesse ramo, como o Ministério do Turismo, a Capitania dos Portos e a Polícia Federal.

De acordo com Ricardo Moesch, diretor de Articulação, Estruturação e Ordenamento Turístico do Ministério do Turismo, o sistema obriga as empresas de cruzeiros a informarem as intenções das rotas e tudo o que acontecer no percurso. “Isso nos dá condições de antecipar eventuais problemas e dá subsídios para outros órgãos como a Anvisa e a Polícia Federal, que também atuam na fiscalização e navios”.

Chamado Torre de Controle, o novo sistema – uma sala de situação que concentrará as informações de todos os transatlânticos que estiverem na costa – permitirá que a escala das embarcações seja programada de acordo com a infraestrutura portuária de cada local a ser visitado. Aprovado na reunião do Grupo de Trabalho de Turismo Náutico (GT Náutico) realizada na semana passada em Brasília, o projeto conta com o apoio da Abremar (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos).

Moesch explica que o sistema já existe em outros países, mas é inédito no Brasil. Ainda não há uma previsão de quanto ele irá custar.

Atualmente, segundo Moesch, o Ministério do Turismo recebe das empresas uma previsão de escalas e roteiros dos cruzeiros, uma determinação da Lei do Turismo, por meio do decreto 7.381, de dezembro de 2010. “Já recebemos essa previsão, mas com o sistema seremos avisados de toda a movimentação do navio e os outros órgãos saberão de um acidente, por exemplo, imediatamente.”

Número recorde

A aprovação da Torre de Controle ocorre em um momento de crescimento para o setor de cruzeiros no Brasil. O número de pessoas que passarão pela costa brasileira nesta temporada (de 25 de outubro de 2011 até maio de 2012) deve superar 894 mil, ou seja, 11% a mais do que na temporada passada (2010 / 2011) e um recorde para o ramo.

Mas, ao mesmo tempo, o número de navios diminuiu de 20 para 17, o que significa embarcações com maior capacidade ou com lotação máxima. Para órgãos internacionais, como a Marinha francesa, o aumento do tamanho das embarcações dificulta o salvamento da população a bordo em casos de acidente.

Um estudo realizado pelo Instituto Francês do Mar, em 2009, já alertava para a questão. “No caso dos transatlânticos com milhares de passageiros, é impossível determinar e instaurar previamente os meios necessários para o resgate, ainda mais se as condições meteorológicas forem desfavoráveis”.

Segundo Eudes Riblier, presidente do instituto, apesar de grandes navios resistirem melhor a colisões contra rochedos, em caso de acidente, principalmente em alto mar, há uma “dificuldade operacional para retirar rapidamente as pessoas e levá-las à terra firme”.

A Marinha brasileira, responsável pela fiscalização dos navios de cruzeiros no Brasil, foi procurada pela reportagem, mas até a publicação desta matéria, não se pronunciou sobre o assunto.

Riblier acredita que o recente acidente com o Costa Concordia, na Itália, mesmo tendo sido consequência de um erro humano, vai gerar novas discussões sobre o gigantismo dos navios de cruzeiro. “A questão é saber se devemos melhorar a segurança desses navios ou proibi-los.”

O Costa Concordia tombou depois de bater em uma rocha perto da pequena ilha de Giglio, na costa da Itália. Onze pessoas morreram e ainda há 21 desaparecidas. O navio, de 114,5 mil toneladas, levava mais de quatro mil pessoas a bordo.

Na última quinta-feira (19), o navio Grand Holiday, da empresa Ibero Cruzeiros precisou fazer uma manobra de emergência, no litoral do Espírito Santo, no Brasil, para não bater em um barco pesqueiro que entrou em seu trajeto. O procedimento derrubou objetos e assustou os passageiros, mas ninguém ficou ferido.

Com 46 mil toneladas, 222 metros de comprimento e 28 metros de largura, o navio tem capacidade para 1.848 passageiros, mas sua lotação durante o cruzeiro não foi informada.

Fiscalizações

Na quinta-feira (19), a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro iniciou uma fiscalização concentrada na costa dos municípios de Angra dos Reis e Parati, ambos no litoral sul do Estado. A intenção é coibir o transporte irregular de passageiros na região e fiscalizar os condutores dos barcos e a situação legal das embarcações.

Segundo a Associação Internacional de Cruzeiros, uma organização consultiva, da qual fazem parte algumas empresas de cruzeiros, os navios devem ter coletes e botes salva-vidas suficientes para todas as pessoas a bordo. A tripulação deve ser treinada para que os botes sejam preenchidos e deixem o navio, se afastando dele, 30 minutos após a ordem do capitão.

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