Bovespa sobe 3,19% com otimismo no exterior e dólar vai a R$ 2,027

Um dia após cair abaixo dos 53 mil pontos, a Bovespa mostrou forte recuperação nesta quarta-feira (6) e registrou a a maior alta em mais de duas semanas. Isso aconteceu devido ao otimismo dos mercados externos, com as crescentes apostas de que autoridades europeias e norte-americanas anunciem, em breve, novas medidas de estímulo econômico.

Apesar da recuperação, a Bovespa ainda está “muito suscetível”, disse o sócio-gestor da Vetorial Asset Sérgio Machado. “Não tem comprador no mercado. O estrangeiro não está comprando, os grandes institucionais já estão posicionados e pessoa física não compra.” 

“O que vemos é dinheiro especulativo, mas estamos perdendo o estrangeiro fiel, que é investidor mesmo, já que Bolsa no pior nível do ano e o dólar alto é o pior cenário para eles”, disse.

Já a cotação do dólar comercial  fechou com alta de 0,49%, a R$ 2,027 na venda, ampliando os ganhos perto do final da sessão, após flertar com a estabilidade na maior parte do dia e corrigindo parte da queda vista na véspera. No ano, a moeda avançou 8,48%.

Segundo operadores, a liquidez foi menor em função do feriado de Corpus Christi na quinta-feira (7), quando o mercado brasileiro ficará fechado.

O BC divulgou nesta quarta-feira o fluxo cambial de maio, que ficou negativo, mostrando que tem ocorrido uma maior saída de dólares do país. O fluxo ficou negativo em US$ 2,691 bilhões no período. Foi o primeiro mês de 2012 com deficit, puxado pelos investimentos financeiros.

Petroleira de Eike tem maior alta do Ibovespa; Cruzeiro do Sul cai 42%

Dentre as blue chips, OGX (OGXP3.SA), petroleira de Eike Batista, subiu 9,47%, a R$ 10,06, e foi a maior alta do Ibovespa. A preferencial da Vale (VALE5.SA) avançou 2,95%, a R$ 37,01, enquanto a da Petrobras (PETR4.SA) avançou 1,54%, a R$ 19,09.

Dos 68 ativos que compõem o Ibovespa, apenas sete fecharam no vermelho, com destaque para Localiza (RENT3.SA), com queda de 3,82%, a R$ 30,68, seguida pela preferencial da Usiminas (USIM5.SA), com baixa de 3,47%, a R$ 7,51.

Fora do índice, a ação preferencial do banco Cruzeiro do Sul (CZRS4.SA) voltou a ser negociada da Bovespa e caiu 42,1%, a R$ 4,40, com giro financeiro de apenas R$ 337 mil e 149 negócios realizados.    

As negociações com o papel estavam suspensas desde segunda-feira, quando o Banco Central interveio no banco, após ter identificado “grave violação de normas” pela instituição.

Iochpe-Maxion (MYPK3.SA) subiu 9,73%, a R$ 24,70, após a empresa ter informado na noite da véspera que “deixou de considerar” a realização de oferta pública de ações devido à deterioração das condições do mercado.

Otimismo com Brasil e exterior

O otimismo no exterior foi alimentado pelas expectativas de que as autoridades europeias anunciarão medidas para socorrer os bancos da Espanha e de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) adotará nova rodada de estímulo à economia norte-americana na quinta-feira.

Um episódio que pode ter reforçado essa leitura foi o anúncio de que reguladores de competição da União Europeia aprovaram temporariamente garantias de financiamento extra de 10 bilhões de euros para o banco franco-belga Dexia (DEXI.BR).

Também pesou a favor a divulgação do Livro Bege do Fed nos Estados Unidos, mostrando que o crescimento da economia do país acelerou nos últimos dois meses e as contratações deram sinais de “crescimento modesto”.

No Brasil, o avanço da inflação menor que o esperado em maio reforçou o sentimento positivo entre investidores. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,36% em maio, após alta de 0,64% em abril, acumulando alta de menos de 5% em 12 meses.

Bolsas internacionais
Em Wall Street, o Dow Jones subiu 2,37%.

Ações bancárias de risco e de mineradoras ajudaram os principais índices europeus a fechar em alta nesta quarta-feira, com a manutenção da expectativa de que autoridades monetárias ajudem a fomentar a economia mundial, apesar de o Banco Central Europeu (BCE) resistir à pressão de intervir no curto prazo.

Papéis de recursos básicos avançaram 5,2%, entre os líderes em terreno positivo, com os de mineradoras listadas em Londres à frente dos ganhos, impulsionados por sinais de corte de juros na China.

As ações asiáticas também subiram nesta quarta-feira. “Os mercados de ações asiáticos estão se movimentando por várias expectativas, mas a mais forte é a crescente esperança por estímulos de políticas monetárias para combater um contágio na Europa”, afirmou o estrategista sênior da Daiwa Securities, Hirokazu Yuihama, em Tóquio.

Dados mostrando melhora no setor de serviços norte-americano em maio, divulgados na terça-feira (5), sustentaram a média Nikkei do Japão, que subiu 1,8%.