O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, classificou como “desatinada” a decisão do governo brasileiro de conceder asilo político ao senador opositor Roger Pinto, que, segundo Linera, “deveria responder à Justiça boliviana pelos seus crimes de assassinato, de desvios, entre outros.

“Trata-se de uma decisão desatinada. O governo brasileiro outorgou asilo a alguém que na Bolívia não é acusado por seus ideias. Ele é acusado de delitos omuns”, disse nesta terça-feira Linera na condição de presidente interino da Bolívia, já que Evo Morales se encontra na Europa.

Abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz há duas semanas, Pinto pediu asilo ao governo de Dilma Rousseff alegando perseguição política após ter criticado o governo Evo e o acusado de não atuar contra o tráfico de drogas.

O governo brasileiro, por sua parte, aceitou a solicitação do senador na última semana, embora a Chancelaria boliviana tenha insistido em dizer que não recebeu nenhuma comunicação oficial sobre a decisão.

Questionado sobre o salvo-conduto que o governo Evo deve emitir para permitir a entrada de Pinto no Brasil, o vice-presidente respondeu que esse “procedimento está nas mãos da Chancelaria”. Representante da região nortista de Pando, Pinto comunicou as autoridades brasileiras que é alvo de “mais de 20 processos penais”.

Linera negou que o senador sofra perseguição política e explicou que ele é acusado por crimes comuns, como “assassinato”, por uma suposta responsabilidade em um massacre de camponeses em setembro de 2008 em Pando.

Por conta desse mesmo caso, o opositor Leopoldo Fernández, que até então era o governador de Pando, foi cassado e levado à prisão.

O vice da Bolívia confirmou que Pinto também é investigado “por danos econômicos ao Estado” e possui denúncias por desacato. Uma delas foi apresentada pelo próprio vice, enquanto a outra pela ministra de Transparência e Luta contra a Corrupção, Nardy Suxo.

Desde que Evo assumiu a presidência pela primeira vez em 2006, dezenas de empresários e políticos opositores buscaram refúgio no Brasil, Paraguai, EUA, Peru e Espanha, entre outros países, depois de terem acusado o governo de perseguição política e de argumentarem que não terão um julgamento justo na Bolívia.