Analistas questionam rapidez na aprovação do impeachment de Fernando Lugo

Em um período de pouco mais de 24 horas, a população paraguaia acompanhou a abertura e a conclusão de um processo de impeachment que resultou na saída de Fernando Lugo da presidência do país. Foi o processo de cassação de mandato presidencial mais rápido registrado na história recente dos países democráticos, o que gerou questionamentos […]

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Em um período de pouco mais de 24 horas, a população paraguaia acompanhou a abertura e a conclusão de um processo de impeachment que resultou na saída de Fernando Lugo da presidência do país. Foi o processo de cassação de mandato presidencial mais rápido registrado na história recente dos países democráticos, o que gerou questionamentos de especialistas ouvidos pela reportagem.

O professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Geraldo Godoy de Campos, criticou a atuação do Congresso paraguaio. “Foi um movimento político que violou garantias de defesa e fez julgamento sem fortes elementos que justificassem a saída do presidente”.

“É muito estranho e questionável que o julgamento político de um presidente eleito de forma democrática seja concluído em pouco mais de 24 horas”, completou.

O professor de ciências políticas da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Caldas, destacou que a rapidez da aprovação do impeachment não foi verificada em nenhum outro país: “Não é algo rápido, leva tempo. O processo de impeachment do [ex-presidente brasileiro Fernando] Collor, por exemplo, durou três meses. A forma como se desenrolou no Paraguai é inédita”.

Ele afirmou, no entanto, que o impeachment é um recurso previsto por lei e, portanto, não pode ser considerado golpe de estado. “O processo é legal e ordeiro. Não é um golpe”.

Os dois especialistas dizem que ainda é cedo para prever o que vai acontecer no país daqui pra frente, mas acreditam que um clima de instabilidade social e política deve se instalar no país. “A população paraguaia será a mais afetada se a Unasul (União das Nações Sul-americanas) decidir aplicar sanções”, alertou Campos.

O protocolo da Unasul prevê a aplicação de punições que vão desde a interrupção do fornecimento de energia, petróleo e outros suprimentos até corte de relações comerciais e políticias. Doze países da América do Sul, entre eles o Paraguai, fazem parte desse organismo intergovernamental.

 

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