Adeptos do Candomblé mantém tradição e lavam escadaria da Igreja Matriz de Corumbá
Com água de cheiro e flores brancas nas mãos, os religiosos do candomblé promoveram a tradicional lavagem da escadaria da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, em Corumbá, no início da noite de domingo, 30 de dezembro. “Essa lavagem, que teve início em 2002, foi realizada em busca da união, para que os jovens […]
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Com água de cheiro e flores brancas nas mãos, os religiosos do candomblé promoveram a tradicional lavagem da escadaria da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, em Corumbá, no início da noite de domingo, 30 de dezembro. “Essa lavagem, que teve início em 2002, foi realizada em busca da união, para que os jovens percebam que não existe diferença entre diversos nomes para Deus. Seja Olorum, Deus, Zambi, todos se referem ao criador, criador este que salva, guia e ama a todos nós, sem diferenças. Por mais que não concordem com essa simbologia da lavagem, o que nos importa é que a população está presente, veio contemplar a louvação a Deus e acredita na unificação dos povos”, disse o babalorixá Zazelakun Clemílson Medina, um dos principais organizadores do evento.
A celebração chegou à décima primeira edição este ano. A primeira ocorreu em 2002. Clemílson Medina disse não temer que a iniciativa se perca com o passar dos anos em função de a Diocese não permitir a entrada deles na igreja para participar da missa, que habitualmente antecedia a cerimônia, e manter as porta fechadas durante a celebração da religião de matriz africana. O babalorixá apenas lamentou a iniciativa. “Neste ano fiquei muito nervoso, horas antes da lavagem, eu vi meus filhos de fé chorar. (…) Eu expliquei que as portas fechadas não importam, pois o que está fechado é o coração das pessoas que fizeram com que as portas da Igreja se fechassem. A lavagem corria o risco de ser cancelada, até como forma de protesto, porém, decidimos que nossa fé está acima de tudo”, enfatizou.
Inspirada em uma tradição baiana, a lavagem foi rápida, enquanto o babalorixá Clemílson rezava na língua Iorubá (idioma africano), mães e filhas de Santo entoando cânticos cumpriam a missão de purificar a passagem da igreja. Vinda de Campo Grande, Maria Lenir Vilalba Colman, 50 anos, proprietária da Casa de Umbanda Mamãe Oxum, Pai Xangô, fez questão de passar o fim de ano em Corumbá, em função da tradicional lavagem da escadaria. “Sempre quis vir até Corumbá participar desse ato, pois isso significa que estamos nos desfazendo do que ocorreu neste ano e estamos nos purificando para o próximo ano. Com água de cheiro e flores, lavamos a escadaria, oramos e pedimos muita paz entre os povos, muito amor para a nação, é um ato de fé e de muito amor”, apontou.
Morando há 2 anos fora de Corumbá, Rosenil Pereira da Silva, 41 anos, filmou toda a lavagem, pois irá levar o registro para Rondonópolis, para apresentar a manifestação cultural aos novos amigos. “Estou há dois anos fora de Corumbá e sinto muita falta dos costumes de minha cidade. Sempre fiz questão de dia 30, vir até a porta da Igreja Matriz e ver a fé, a devoção que o candomblé manifesta. Filmei tudo, pois quero mostrar aos meus amigos de Rondonópolis, como é a passagem de ano em minha cidade”, concluiu.
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