Moradores e comerciantes convivem com um ponto de drogas em pleno funcionamento na região central de Campo Grande e reclamam que já denunciaram a situação para as autoridades policiais mas não conseguem resolver o problema. Os vizinhos convivem com a insegurança, mau cheiro e sujeira.

Na Avenida Ernesto Geisel, a poucos metros do Mercadão Municipal e do Camelódromo, uma antiga borracharia foi invadida por usuários de drogas, que estão morando no local. Os vizinhos preferem não se identificar e dizem que, desde quando a rodoviária foi transferida de lugar, vários usuários começaram ficar na área. Há cerca de um mês, quando o antigo dono da borracharia foi embora, eles se mudaram para lá.

“Umas dez pessoas, entre homens e mulheres, ficam aqui durante o dia, mas a noite tem mais de 30. Nós vemos eles usando drogas daqui”, explica uma mulher que trabalha próximo ao lugar.

A reportagem foi até o suposto ponto de drogas. Ao se aproximar, um jovem ordenou que a equipe “saisse de perto”.

Os vizinhos dizem que várias vezes já chamaram a polícia. “Eles vão até o local e dizem que, como são apenas usuários, não podem fazer nada”, indigna-se a funcionária de um comércio próximo. Várias pessoas na vizinhança afirmam que os jovens são facilmente vistos vendendo e comprando droga.

Saúde Pública

Segundo o Tenente Maurício do 1° Batalhão da Polícia Militar, eles entraram em contato com o proprietário da borracharia para que novamente ele fechasse o lugar com cadeados, para evitar que os usuários voltem ao local. “A polícia irá monitorar o local”, avisa.

O tenente explica que os usuários de droga são um problema da saúde pública, e não apenas de segurança. “Essa pessoa precisa de tratamento especializado para se recuperar do vício. Como usar drogas não é sinônimo de crime, essas pessoas não são autuadas, elas deveriam ser encaminhadas para a delegacia e reencaminhadas para órgãos de assistência ao usuário de drogas”, explica.

Segundo a PM, a população que identifica pontos como este deve acionar a Polícia Militar para que façam rondas no lugar, combatendo o tráfico de drogas e garantindo a segurança.

O delegado da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), Cláudio Zotto, destaca que a legislação tirou o uso de entorpecentes do rol de crimes e muitas vezes quando a polícia chega ao local onde os usuários costumam consumir drogas, não encontram mais vestígios para incriminar as pessoas.

Zotto explica que quando um usuário é encontrado consumindo droga, se ele for menor de idade é encaminhado para a Delegacia Especializada de Atendimento a Infância e Juventude (Deaij), mas se tiver mais de 18 anos, seu processo vai para a Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar). Quando o processo do usuário chega ao departamento especializado, é proposto o tratamento para o vício, mas ele ainda precisa aceitar fazer.