Técnicos da Funai de MS dizem que índios se escondem da PF por medo de fazendeiros

Polícia Federal e Funai têm informações contraditórias sobre presença de índios em fazendas de Iguatemi

PF não encontra índios nas fazendas que tiveram área ocupada em Iguatemi, mas Funai sustenta que o grupo escondido na mata continua sofrendo intimidação.

Uma equipe da Delegacia de Polícia Federal em Naviraí esteve nesta terça-feira (16) pela manhã em Iguatemi para averiguar as denúncias de violência contra o grupo de índios que está desde o dia 9 numa área da divisa entre as fazendas Maringá e Santa Rita.

A equipe da PF iniciou as diligências em Iguatemi com uma visita às residências dos proprietários das fazendas. Depois, acompanhados pelos fazendeiros, os policiais seguiram para a área de divisa das fazendas. Eles não permitiram que a equipe da Funai acompanhasse as buscas.

Dagmar Vargas Antunes, filho da proprietária e responsável pela administração da Fazenda Maringá, confirmou que acompanhou as buscas da PF, junto com os responsáveis pela Fazenda Santa Rita. “Não tem nada lá, está tudo tranquilo”, garantiu Dagmar, afirmando ainda que nos últimos dias esteve viajando, mas que os funcionários da fazenda não relataram qualquer movimentação diferente na propriedade.

Escondidos

A presença da PF no local, solicitada pela Funai (Fundação Nacional do Índio), era aguardada pelo grupo indígena, conforme informou por telefone um dos índios que permanece na área. “Quando destruíram o acampamento nós corremos para a mata e só vamos sair quando o pessoal da Funai e da Polícia Federal chegar aqui”, disse Rosélio Gonçalves, ainda na tarde de ontem.

A Coordenação Regional da Funai em Ponta Porã ainda não recebeu o relatório sobre a visita da PF às fazendas, mas os técnicos esperam ter o documento já amanhã. De acordo com as informação da Funai, os índios continuam escondidos na mata e não teriam saído porque os policiais estavam acompanhados somente pelo pessoal das fazendas e sem a presença dos técnicos da Funai.

Os técnicos disseram ainda que durante todo o dia têm recebido telefonemas dos índios dizendo que a situação é tensa e que o grupo, mesmo escondido na mata, continuaria sendo intimidado por “capangas”.