O presidente do Egito, Hosni Moubarak, reuniu-se neste sábado (5) com ministros do novo governo, informou a agência oficial Mena, numa tentativa de apaziguar os ânimos, no momento em que a revolta popular entra no 12º dia. Trata-se da primeira reunião do presidente com os ministros desde a destituição do gabinete anterior, na semana passada.

Participaram o primeiro-ministro Ahmad Chafic, assim como os ministros de Petróleo, Comércio, Finanças, da Solidariedade Social e o governador do Banco Central.

Mubarak, que está há três décadas do poder – e vem sendo eleito sucessivamente sob suspeitas de fraude – , enfrenta uma onda de protestos no país e uma forte pressão internacional para que deixe o poder.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou a pedir pediu que uma transição de poder imediata no Egito. Os EUA foram desde sempre aliados de Mubarak, e a retirada de seu apoio enfraquece muito o líder egípcio.

O premiê britânico David Cameron, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, também estão entre os líderes mundiais que manifestaram apoio a mudanças no Egito.

Opositor quer se reunir com o Exército

Enquanto isso, o prêmio Nobel da Paz e político opositor egípcio Mohamed ElBaradei expressou sua vontade de participar de um governo de transição com os militares, uma vez que Mubarak deixe o cargo. Ele fez as declarações à edição deste sábado do jornal alemão Der Spiegel.

– Mubarak deve sair, não em qualquer momento, mas agora.

– É certo que algum país árabe o acolherá. Ouvi falar no Barein.

Ex-diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA), ligada às Nações Unidas, ElBaradei aposta em negociar com o Exército o processo de transição no Egito. Enquanto isso, continua mobilizando os protestos contra Mubarak.

O opositor disse que, “quanto por mais tempo se estender” a atual situação, Mubarak mais prejudicará o país tanto politicamente quanto economicamente.

– O que mais desejo é falar o quanto antes com os militares.

ElBaradei disse desejar negociar com eles sobre “como conseguir uma transição sem derramamento de sangue”.

O Nobel da Paz aconselha Israel que já vá imaginando um Egito sem Mubarak e indica que “os israelenses devem compreender que no longo prazo também interessa ter um Egito democrático como vizinho”.

Ele advertiu aos israelenses que, para terem boas relações com o Egito, “seria inteligente respeitar os interesses legítimos dos palestinos” em um Estado.