Após aderirem a movimento grevista classificado como ilegal, 160 operários na área de montagem da fábrica Eldorado, pertencentes ao quadro de funcionários da empreiteira terceirizada, Mont Calm, foram demitidos. Segundo informações de membros da comissão grevista, a empresa alegou necessidade em reduzir gastos com pessoal.

Paralisados desde segunda-feira (14), 160 operários
da Mont Calm Montagem, que atuam no canteiro de obras da indústria Eldorado Brasil
Celulose, em , foram demitidos. Segundo informações da comissão
grevista, a empresa explicou que o motivo para a rescisão foi a necessidade de redução
nos custos dessa prestação de serviços.

Entretanto, o Midiamax esteve na sede da empresa e
muitos trabalhadores estavam sendo contratados nesta tarde de quinta-feira
(17). Nenhum representante da empresa quis se pronunciar sobre o assunto.

Há poucos instantes, os dois sindicatos que
representam a categoria – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção
Civil e Montagem Leve (Sintricom) e Sindicato dos trabalhadores da Construção
Civil Pesada (Sintiespav) – e a comissão formada entre os trabalhadores
envolvidos estiveram reunidos para formular a proposta a ser encaminhada à Mont
Calm.

“Fomos informados de que o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cortou o repasse financeiro
financiado pela Eldorado de R$ 3,8 bilhões para a sua construção. Com isso,
algumas empresas terceirizadas para a obra devem reduzir os trabalhos ou até
mesmo finalizar o contrato de prestação de serviços. Essa foi a explicação dada
pela Mont Calm para as demissões dos grevistas, mas sabemos que aqueles que não
aderiram ao movimento foram mantidos em seus postos de trabalho”, relatou um
dos representantes da comissão e também demitido, Carlos Novaes Santos, operário
soldador.

Conforme relato do advogado do Sintiespav, João
Afonso Petenatti, o acordo para a rescisão contratual com esses trabalhadores
deve contemplar um bônus financeiro, pois grande parte dele veio da região
Nordeste do País, a pouco mais de um mês.

“Estamos redigindo as propostas que levantamos em consenso
com a comissão sobre as demissões, pois os trabalhadores já acataram a decisão
da empresa. Elas serão entregues ainda hoje para a empresa. Nossa indicação é
de que seja concedido um bônus para esses trabalhadores que vieram de longe
para atuar na montagem da fábrica. Soubemos que as cartas de demissão já estão
prontas e a Mont Calm não irá rever o caso”, afirmou Petenatti.

Reivindicações

Entre as reivindicações que culminaram no movimento
grevista, está o fato sobre diferentes salários pagos entre empresas
terceirizadas que prestam o mesmo tipo de serviço.

“Nosso trabalho não cessa com a conclusão do
processo de rescisão destes operários da Mont Calm, pois existe a questão das
diferentes faixas salariais oferecidas para o exercício de uma mesma função
entre as empreiteiras terceirizadas pela Eldorado. Assim como o pagamento da
hora “in itinere”, que é o período gasto entre os alojamentos e a fábrica,
localizada a 38 quilômetros de Três Lagoas. Nesta próxima semana estaremos
entrando em contato para marcamos uma reunião com todas elas. Estaremos
propondo um novo acordo coletivo ou o cumprimento do firmado anteriormente”,
relatou Petenatti.

Alojamento

Grande parte dos trabalhadores, que aderiram ou não
ao movimento, alega maus tratos no canteiro de obras, aliado a problemas estruturais
do alojamento.

“O alojamento fica localizado em uma região pouco
habitada, temos dificuldade em ir para a cidade para resolver nossos problemas.
Também há problemas de sujeira, baixa qualidade na alimentação oferecida e a água
que bebemos vem direto do poço artesiano, sem passar por qualquer tratamento”,
acusou um dos trabalhadores.

Nessa questão da água, o fato que provocou a maior
revolta foi o mau cheiro que ela vinha exalando. “O tanque que armazena a água
não passa por limpeza há muito tempo. Pode haver até rato morto lá que eles não
se preocupam em limpá-lo”, reclamou o soldador Carlos.

Ilegal

Segundo o presidente do Sintiespav, Antonio Luiz de
Oliveira, a paralisação foi classificada como ilegal, pois nenhum dos
sindicatos da categoria foi comunicado antecipadamente.

“Muitas reivindicações poderiam ter sido resolvidas
com a nossa intervenção, caso tivéssemos sido avisados antes da paralisação dos
serviços. As manifestações devem acontecer dentro dos padrões legais
estabelecidos, de maneira organizada e quando necessárias”, finalizou.