Perseguir crianças, fuçar latas de lixo, assediar e ludibriar fontes – essas são algumas das táticas dos tabloides britânicos que estão vindo à tona num inquérito oficial que tem causado perplexidade na opinião pública do Reino Unido.

Analistas e executivos do setor dizem que as revelações são altamente nocivas para os jornais, e podem afetar ainda mais as suas vendas – especialmente no caso dos tabloides populares. Eles acreditam também que o escândalo levará a uma maior regulamentação do setor, que tradicionalmente se autopolicia.

“Acho que esta foi a semana mais nociva para os tabloides britânicos que eu consigo me lembrar”, disse à Reuters Max Clifford, mais conhecido assessor de imprensa do país. “As pessoas estão enojadas, ofendidas, e acho que muita gente vai dizer que simplesmente não irá mais comprar tabloides.”

O inquérito, na Alta Corte de Londres, foi aberto a pedido do primeiro-ministro David Cameron, após a revelação, meses atrás, de que o extinto tabloide News of the World espionou mensagens telefônicas de milhares de pessoas.

Nesta semana, personalidades como o ator Hugh Grant e a escritora JK Rowling depuseram no inquérito, contando como foram alvos de uma implacável perseguição dos jornalistas.

“Acho que muita gente que comprava o News of the World, que ainda compra o Mail, o Sun e o Mirror ficarão absolutamente horrorizadas com o que têm visto – que é assim que eles arrumam as reportagens que vêm sendo lidas”, disse Steven Barnett, professor de comunicação da Universidade Westminster, em Londres.

“Os alemães adoram fofoca, os italianos não se cansam dela. A diferença é que eles não toleram uma cultura dentro de parte da imprensa que simplesmente explora as vidas dos outros para o seu próprio lucro.”