João Havelange renunciou ao seu cargo no COI (Comitê Olímpico Internacional), segundo a agência de notícias AP. O ex-presidente da Fifa, que estava na entidade desde 1963, está tentando evitar ser expulso por conta de uma denúncia de corrupção, que seria revelada nesta semana.

A agência diz ter ouvido uma fonte próxima ao ex-cartola, que teria enviado uma carta ao COI na última quinta-feira. Como a renúncia ao cargo deveria ser confidencial, a pessoa ouvida pela AP decidiu não se identificar.

João Havelange está sendo investigado pelo Comitê de Ética do COI há seis meses. O cartola e seu ex-genro, Ricardo Teixeira, atual presidente da CBF, estão envolvidos em um escândalo de recebimento de propinas da ISL, agência de marketing esportivo que era parceira da Fifa nos anos 1990.

Com a renúncia de Havelange, o COI é obrigado a abandonar as investigações sem revelar seu resultado final. A manobra faz com o que o dirigente brasileiro, o mais velho a ter uma cadeira na entidade multi-esportiva, saísse sem ter uma mancha comprovada de corrupção em sua biografia.

As denúncias surgiram com força no fim do ano passado, quando a BBC revelou que Havelange e Teixeira teria recebido dinheiro da ISL. O caso teria sido alvo de uma investigação do Ministério Público da Súíça, país-sede da Fifa. A pressão da entidade-mor do futebol, no entanto, fez com que as informações não fossem publicadas.

Ricardo Teixeira, também envolvido no escândalo, não é membro do COI e, por isso, não estava ameaçado pela entidade. Ele pode, no entanto, ser traído por Joseph Blatter, presidente da Fifa, que ameaça divulgar as provas contra os dois brasileiros, com quem está rompido politicamente.